domingo, 13 de fevereiro de 2011

A tragédia de Ibagué

Grandes craques do futebol merecem despedidas a altura da carreira vitoriosa que tiveram. Infelizmente alguns acabam encerrando a carreira de forma melancólica. Este post conta a história do jogo que acelerou o fim da carreira de Ronaldo Fenômeno, depois de uma das maiores zebras brasileiras na Libertadores; e é dedicado a amiga Lalá Maciel, que cantou essa pedra antes mesmo do segundo jogo. É Ronaldo, praga de cruzeirense pega.

A cidade de Ibagué, capital da música colombiana, teve o privilégio inesperado de ser palco da última partida como profissional de um dos maiores jogadores da história do futebol. O fim da carreira de Ronaldo Fenômeno já era esperado, mas ninguém contava com o fato dele vir acompanhado de uma zebra tão descabida como essa, que derrubou o sonho obsessivo dos corintianos pela Libertadores.



Com o apito final do árbitro e a consumação do desastre, todas as fragilidades do favorito Corínthians ficaram expostas e sua torcida mergulhou no desespero de mais um fracasso, descambando até mesmo para a violência.

O jogo de ida no Pacaembu foi de um time só. O Corínthians pressionou o tempo todo e não conseguiu sair do 0 x 0 e ainda viu o Tolima ter chances claras de matar o jogo. Pelo regulamento da Pré-Libertadores, bastava um empate com gols em Ibagué. Era muito pouco, mas resolveria. Quando começou o jogo em Ibagué, apesar das chances do Tolima, o Timão ainda dominou o primeiro tempo e manteve esse domínio até os 20 minutos do segundo tempo, quando Santoya fez o que os corintianos pensavam sem impossível.



As razões para que uma classificação dada como fácil chegasse a esse ponto foram várias. Afinal, além de desfalques, como o de Roberto Carlos, o time do Parque São Jorge entrou desfigurado. Tite escalou o time com três atacantes, com Jorge Henrique improvisado de meia, mesmo tendo armadores como Bruno César, Danilo e Ramirez no banco. Mas isso não apagou a aplicação do fraco time do Tolima, que teve como seu principal articulador o volante Chara, que deu origem as principais chances de gol. Pelo lado do Corinthians, a principal investida foi um chute de Ronaldo que obrigou Silva a fazer grande defesa. O Tolima deitou e rolou na linha de impedimento de uma defesa desentrosada e chegou ao segundo gol com Medina, e sacramentou o fim do sonho alvinegro. Era o fim do sonho corintiano de coseguir vencer a Libertadores. E quem diria, eliminado para o Tolima, sem expressão alguma, com uma folha salarial que só o salário de Ronaldo pagaria, e que, mais tarde, seria surrado pelo Cruzeiro na fase de grupos por 6x1.

A eliminação desarticulou o time do Parque São Jorge, Roberto Carlos partiu para a Rússia, após uma proposta milionária e Ronaldo se aposentou. O fim apático de um dos maiores jogadores da história do futebol marcou o início do ano 2011. É verdade que o Fenômeno não era mais o mesmo, mas ainda assim merecia um fim de carreira mais honroso do que uma eliminação sumária como a de Ibagué.

Imagens: rodrigol12.blogspot.com
paixaomundialfutebol.blogspot.com

Deportes Tolima 2 x 0 Corínthians
Deportes Tolima: Antony Silva; Vallejo, Julián Hurtado, Arrechea e Noguera; Diego Chará, Bolivar, Murillo (Piedrahita) e Castillo (Santoya); John Hurtado e Medina (Closa). Técnico: Hernán Torres.
Corínthians: Júlio César; Alessandro, Chicão, Leandro Castán e Fábio Santos (Edno); Ralf, Jucilei e Paulinho (Ramírez); Jorge Henrique, Ronaldo e Dentinho (Danilo). Técnico: Tite.
Gols: Santoya aos 21 e Medina aos 32 do 2º tempo
Cartões amarelos: Julián Hurtado, Murillo e Diego Chará (Deportes Tolima); Jorge Henrique, Leandro Castán e Jucilei (Corinthians).
Cartão vermelho: Ramirez (Corínthians).
Estádio: Manuel Murillo Toro, em Ibagué (COL).
Data: 02/02/2011.
Árbitro: Roberto Silvera (URU) Auxiliares: Mauricio Espinosa (URU) e Carlos Changala (URU).