domingo, 6 de dezembro de 2009

2004: O ANO DA ZEBRA NO HORÓSCOPO FUTEBOLÍSTICO - Ramalhão surpreende o Maraca lotado

Mais uma das intermináveis zebras de 2004. A Copa do Brasil já é um celeiro de zebras por tradição, mas a de 2004 exagerou. A maior delas foi o título do inexpressivo Santo André, que até hoje não conseguiu nem fazer uma boa campanha no Paulistão.

A Copa do Brasil de 2004 não podia ficar de fora da lista de zebras de uma ano onde elas aconteceram em larga escala. Mas não precisava exagerar. Logo de cara, na primeira fase da competição, o Catuense da Bahia aplicou 4x2 no Atlético/MG, que por sorte conseguiu reagir no jogo de volta e vencer por 5x1. Era só um aviso. As duas maiores zebras da competição eram o XV de Novembro de Campo Bom, do Rio Grande do Sul, e o Santo André, de São Paulo.
O XV não fez cerimônia ao eliminar a Portuguesa Santista (1x1, 2x2), o Vasco (1x1, 3x0), o Americano de Campos (2x1,3x2) e o Palmas de Tocantins (1x0, 3x0). Mas uma zebra maior o eliminaria na semi-final.
O Santo André entrou como a última equipe de São Paulo e estava cotada a uma participação discreta. Na estreia goleou o Novo Horizonte/GO por 5x0 e eliminou o jogo de volta. Na segunda fase começou a surpreender a todos eliminando o Atlético/MG, com uma vitória de 3x0 no ABC e uma derrota 2x0 no Mineirão, onde conseguiu frear a reação do Galo. Na fase seguinte eliminou o Guarani de Campinas com dois empates (1x1 e 2x2).Vieram as quartas de final e uma parada dura. O Palmeiras, atual campeão da série B do Brasileirão, e que vinha com tudo. Dois jogos épicos do time do ABC lhe renderam a classificação, depois de empatar em casa por 3x3 e empatar no Pq. Antártica por 4x4.

As duas zebras se encontraram na semi-final.O Santo André perdeu em cada por 4x3 e tudo indicava que o gaúchos iriam a final. Mas surpreendentemente o Ramalhão venceu por 3x1 em Campo Bom e conseguiu chegar a sua primeira decisão a nível nacional.
Na decisão o Santo André teria o Flamengo, que já havia sido vice no ano anterior, ao perder para o Cruzeiro. Além do mais, o Flamengo vivia um momento difícil, pois teve um péssimo início de Brasileirão e ocupava a vice-lanterna da competição, além de ter problemas extra-campo, como salários atrasados.
Na primeira partida da decisão, disputada no Pq. Antártica, em São Paulo, as duas equipes realizaram uma ótima partida, mas o Flamengo foi superior e teve várias chances de vencer. Mesmo assim o time do Santo André conseguiu abrir 2x0 e posteriormente cedeu o empate e quase sofreu a virada. Com o 2x2 no jogo de ida, o Flamengo tinha a faca e queijo na mão para ganhar o título no Maracanã. Entretanto, não foi o que ocorreu.


Diante de 71.000 pessoas o time do Flamengo partiu para cima e tentou fazer valer o fator campo. Felipe era o principal nome da equipe carioca. Porém, o Santo André jogou bem e cozinhou o jogo no primeiro tempo. Logo no início da segunda etapa o Santo André fez valer sua arma mortal. Aos 7 minutos, num cruzamento Sandro Gaúcho subiu e desviou de cabeça, na risca da pequena área, e abriu o placar.
Assustado, o Flamengo subiu ao ataque para garantir o empate que lhe daria o título mas acabou levando o golpe fatal aos 23, quando num contra-ataque, a bola foi cruzada da esquerda e Élvis desviou para o gol de Júlio César, calando o Maracanã.
Daí em diante o Santo André rolou a bola e a torcida flamenguista chamou a equipe de "timinho". Ao fim da partida, o Santo André comemorou a zebra e fez a festa pelo seu primeiro título de expressão, num estádio quase vazio. É importante lembrar que Santo André era comandado por um especialista em zebras, Péricles Chamusca.
Era difícil de acreditar que a equipe do ABC tinha saído vitoriosa, principalmente para mim que dormi durante a partida e acordei com os telejornais da madrugada mostrando a festa do Ramalhão.



Fotos: Uol Esportes e Terra Esportes.

Flamengo 0 x 2 Santo André
São Caetano: Júlio César; Reginaldo Araújo, André Bahia, Fabiano Eller e Roger (Athirson); Da Silva, Douglas Silva (Negreiros), Ibson e Róbson (Jônatas); Felipe e Jean. Técnico: Abel Braga.
Paulista: Júlio César; Dedimar, Alex e Gabriel; Nelsinho (Da Guia), Dirceu, Ramalho (Ronaldo), Romerito e Élvis (Dodô); Sandro Gaúcho e Osmar. Técnico: Péricles Chamusca.
Gols: Sandro Gaúcho, aos 7 e Élvis, aos 23 do 2º tempo
Cartões amarelos: Alex, Dirceu e Júlio César (Santo André); Jean, André Bahia e Fabiano Eller (Flamengo).
Estádio: Maracanã, no Rio de Janeiro(RJ).
Data: 30/06/2004.
Árbitro: Carlos Eugênio Simon (RS) Auxiliares: Altemir Hausmann (RS) e Ville Tissot (RS).
Público: 71.988 pagantes.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Marselhesa africana


Sem dúvida essa foi uma das zebras mais satisfatórias que já assisti até hoje. É uma das poucas vezes que o futebol proporciona a sensação de ter sido feito a justiça no resultado.
Estou falando do jogo de abertura da Copa do Mundo de 2002 na Coréia do Sul e no Japão, realizado no dia 31 e maio daquele ano, em Seul. Só por ser um jogo de abertura, já deixa meio caminho andando para que algo de anormal aconteça. Quando se trata de um confronto entre africanos e europeus a chance aumenta muito. Naquele ano, os atuais campeões mundiais, os franceses, que vinham de quatro anos de domínio e arrogância, entrariam em campo para enfrentar o Senegal, seleção estreante em mundiais e completamente desconhecida até então.
Mais do que um confronto entre favoritos e estreantes era um confronto entre ex-metrópole e ex-colônia e, porque não, um confronto do mundo do futebol contra a arrogante seleção francesa. Como agravante, tinhamos o fato de a grande maioria dos atletas senegaleses atuavam no futebol francês e que o técnico Bruno Metsu, que treinava a seleção do Senegal, é francês e passava a maior parte do seu tempo no seu pais de origem.
Antes do mundial a população senegalesa já comemorava a participação no torneio, mesmo com a quase certeza de uma eliminação na primeira fase. Mas ninguém escondia que o maior objetivo era complicar a vida da França e surpreender o mundo. Entretanto a surpresa não era tão surpresa assim, pelo menos não no continente africano, pois o Senegal já vinha de uma boa campanha nas eliminatórias e de um vice campeonato africano, sendo que já e era respeitada por forças como Camarões e Nigéria. Aquele time foi montado quase que da noite para o dia, a partir do fim de 2000, por Metsu. Os jogadores não tinham a habilidade dos nigerianos, nem a força física de Camarões, mas alivam essas duas qualidades à velocidade e a uma disciplina tática que raramente aparece em seleções africanas.
E foi assim que o Senegal, um país de jogadores habilidosos, com uma estrutura quase amadora, péssimos gramados,clubes sem estrutura e sem divisões de base e onde o esporte depende de dinheiro do governo para se manter, chegou a sua estréia em mundiais.

Quando o jogo começou a história começou a ser escrita. O jogo foi bem movimentado, nem tanto por vontade dos fanceses, mas, sim, devido a velocidade que os senegaleses impuseram. A França, sem seu melhor jogador, Zidane, tentava tocar a bola e armas jogadas, mas sofria com a velocidade das investidas do time africano. Numa dessas investidas, Diouf arrancou pela ponta esquerda, foi a linha de fundo e cruzou para Bouba Dioup que dividiu com Petit e finalizou. Barthez defendeu na primeira, mas o rebote ficou com o próprio Bouba Dioup que, mesmo sentado, empurrou para o gol. A França, para evitar o vexame avançou, mesmo que desordenada, e conseguiu criar boas chances. Trezeguet mandou uma bola na trave ainda no primeiro tempo e Henry acertou o travessão no segundo tempo. Mesmo com boas chances a frança continuou jogando mal e mereceu mais levar o segundo gol do que empatar o jogo. O próprio Senegal acertou uma bola no trave de Barthez no segundo tempo, mas o placar não se alterou. O Senegal venceu por ter jogado com raça e vontade de quem estreava em uma Copa e queria mostrar a que veio.

Ao fim do jogo não eram apenas os atletas e comissão técnica do Senegal que comemorava. Boa parte do estádio e o restante do mundo futebolístico comemorava a queda dos atuais campeões frente a sua ex-colônia. A Copa do Mundo ganhava sua mais nova zebra. E uma zebra consistente. O time senegalês empataria suas duas partidas seguinte, contra a Dinamarca (1x1) e num jogaço contra o Uruguai(3x3). Dessa forma seguiu para a próxima fase surpreendendo a todos. Como se já não fosse suficiente, nas oitavas eliminou a forte seleção sueca (2x1), que havia derrubado Argentina e Nigéria na 1ª fase. Em sua estréia em Copas, o Senegal igualou a campanha de Camarões na Copa de 90 como as duas melhores campanhas de seleções africanas em mundiais. Pena que nas quartas de final foi derrotada por 1x0 pela seleção da Turquia, que terminaria em 3º lugar. Foi o auge de um time muito bom, que não teve o mesmo sucesso nos anos seguintes.
Já a França perdeu para a Dinamarca e empatou com o Uruguai, sendo vergonhosamente eliminada na primeira fase, sem ter marcado um gol sequer.
Nessa história, o único senegalês a sair triste foi o que se naturalizou francês, Patrick Vieira, um dos maiores volantes do futebol moderno, que trocou seu pais de origem pelo sucesso na seleção francesa. Quis o destino que a seleção de seu pais de origem impusesse uma das maiores decepções de sua carreira.

Fotos: languagecaster.com
bixentelizarazu.w.interia.pl
world-cup-info.com

FRANÇA 0 x 1 SENEGAL
França: Barthez; Tchuran, Le Boeuf, Desailly e Lizarazu; Vieira, Petit e Djorkaeff (Dugarry); Wiltord (Cisse), Trezeguet e Henry. Técnico: Roger Lemerre
Senegal: Sylva; Daf, Diatta, Cisse e Coly; Fadiga, Diao, , Bouba Dioup e N´Diaye; Papa Diouf e H. Diouf. Técnico: Bruno Metsu
Gol: Bouba Diop , aos 30 do 1º tempo.
Cartões amarelos: Petit e Cisse (França).
Estádio: Seoul World Cup Stadium, em Seul (COR).
Data: 31/05/2002.
Árbitro: Ali Bujsaim (EAU) Auxiliares: Ali Al Traifi (ARA) e Jorge Rattalino (ARG).
Público: 62.651 pagantes

Veja abaixo o vídeo da vitória senegalesa.

sábado, 12 de setembro de 2009

Uma zebra repetida duas vezes



Qualquer um que acompanhe o futebol inglês a uns 10 ou 15 anos não consegue entender muito bem como isso aconteceu. Muitos nem conhecem bem o simpático Nottingham Forest conseguiu a façanha de ser bi-campeão da champions league e depois desaparecer. O que aconteceu naquela virada de década de 70 para a de 80 foi sem dúvida uma das maiores zebras do futebol europeu. Este post é uma cordial sugestão de meu ilustre amigo Círio Oliveira.

A final da Champions League de 1979 surpreender o mundo com o duelo entre Nottingham Forest, da Inglaterra, e Malmö, da Suécia; realizado no estádio Olímpico de Munique.
O Nottingham Forest (sediado na famosa floresta de Robin Hood) havia conquistado o seu primeiro e único título inglês no ano anterior, e, assim chegou a sua primeira Champions. Nem por isso era novato, pois já tinha 114 anos naquela temporada, possuindo uma razoável tradição na Inglaterra, mas conquistando apenas alguns títulos de copas e campanhas medianas no campeonato inglês. A mudança na história do clube começou quando o técnico Brian Clough assumiu o time em 1975 e montou um time extremamente competitivo, com marcação forte e determinação para superar suas limitações técnicas. Os destaques eram o goleiro Peter Shilton e o meia Trevor Francis. Essa equipe do Forest ficou 42 jogos invictos no Campeonato Inglês entre 1977 e 78 (recorde só batido pelo Arsenal em 2004) e conquistou um título nacional, que deu direito à disputar a Champions League.
Já o Malmö F.F. era um dos três grandes do futebol sueco, possuindo ante então 12 títulos nacionais, mas sem nenhuma expressão no cenário europeu. Aquela foi sua única decisão a nível europeu até hoje.

De um lado o estreante Forest surpreendeu a Europa com sua ascensão que começou com a eliminação do atual bi-campeão Liverpool (2x0 e 0x0), passando ainda por AEK Atenas da Grécia (2x1 e 5x1), Grasshopper da Suíça (4x1 e 1x1) e Köln da Alemanha Ocidental (3x3 e 1x0). Do outro o Malmö chegou a final eliminando o Monaco da França (0x0 e 1x0), Dínamo de Kiev da URSS (0x0 e 2x0), Wisla Krakówia da Polônia (1x2 e 4x1) e o Áustria Viena (0x0 e 1x0). Dois debutantes numa final. Uma zebra completa e não haveria como ser diferente, pois entre os oito melhores clubes da competição o de maior repercussão internacional era o Glasgow Rangers da Escócia.
Em 30 de maio de 79, no Olímpico de Munique o mundo viu uma zebra anunciada. Dos titulares o único ausente era Archie Gemmill do Forest, lesionado, que foi substituído por Ian Bowyer.
O Forest logo de cara perdeu chances com Frank Clark e Bowyer. Robertson flutuava em campo e por outro lado o zagueiro do Malmö, Anders Ljundberg se destacava. Numa das poucas chances de perigo do Malmö, Olof Kinnvall ficou cara a cara com Peter Shilton que salvou o Forest.

O Forest não apresentou seu melhor futebol, mas fez história, ao se tornar o primeiro clube a conquistar a Champions league em sua primeira tentativa, sendo o terceiro time inglês campeão. O gol foi marcado nos acréscimos do primeiro tempo. Robertson escapou da marcação tripla que vinha sendo feita sobre ele pelo Malmö, chegou a linha de fundo e cruzou para Francis para mergulhar de cabeça e fazer o gol do título.
A maioria da torcida era do Nottinghan e comemoraram com um barulho ensurdecedor. O Forest foi ofensivo o tempo todo e o Malmö ficou na defesa. Mesmo com uma apresentação aquém de suas capacidades o Nottinghan Forest conquistou a Champions com grande festa em Munique, deixando a Europa atônita com a cena surpreendente do capitão McGovern erguendo a taça.

Naquele ano o sucesso do clube só não foi maior porque ele desistiu de enfrentar o Olímpia do Paraguai na final do mundial, sendo substituído pelo Malmö, que foi derrotado.
Como zebra pouca é bobagem e time voltou a ser campeão na temporada seguinte. Isso mesmo. O antes inexpressivo Forest foi bi-campeão da Champions League na temporada 79/80. O título emblemático dos “reds” veio com uma vitória sobre do Hamburgo da Alemanha Ocidental por 1 x 0, em Madri, com o gol de Robertson. A campanha contou com vitórias sobre Östers da Suécia (2x0 e 1x1), Arges Pitesti da Romênia (2x0 e 2x1), Dynamo de Berlim da Alemanha Oriental (0x1 e 3x1) e Ajax da Holanda (2x0 e 0x1).

O técnico inglês Brian Clough, tido como um milagreiro, ficou no clube entre 1975 e 1993, totalizando 907 jogos, sendo demitido após o rebaixamento da equipe na liga inglesa. Após aqueles anos mágicos, o clube voltou ao ostracismo, e hoje se encontra na 2ª divisão inglesa, sendo o único campeão europeu nesta situação atualmente.

Fotos: www.rpvc.com
footballfocus.xsmnet.com
uefa.com

Nottingham Forest (ING) 1 x 0 Malmö (SUE)
Nottingham Forest: Shilton; Anderson, Lloyd, Burns, Clark; Francis, McGovern, Bowyer, Robertson; Woodcock, Birtles. Técnico: Brian Clough.
Malmö: Moller; R.Andersson, Jonsson, M.Andersson, Erlandsson; Tapper (Malmberg), Ljungberg, Prytz, Kinnvall; Hansson (T.Andersson), Cervin. Técnico: Bob Houghton.
Gol: Francis, aos 46 do 1ºtempo.
Estádio: Olímpico, em Munique(RFA).
Data: 30/05/1979.
Árbitro: Erich Linemayr(AUT)
Auxiliares: .
Público: 57.000 pagantes.

Assista abaixo os vídeos das duas decisões:



sexta-feira, 11 de setembro de 2009

2004: O ANO DA ZEBRA NO HORÓSCOPO FUTEBOLÍSTICO - Até que enfim o Azulão.


Uma final atípica, inesperada, e que apontou um campeão inédito. Antes disso é importante lembrar que no ano da zebra não se poderia esperar outra coisa no Paulistão. Talvez um grande sendo goleado por um time do interior na decisão, mas creio que a “final caipira” ficou de bom tamanho. A zebra não se faz apenas pelo título do azulão, mas sim, por uma conjuntura de fatores que veremos a seguir.

Para começo de conversa o Paulistão 2004 começou com uma cara meio torta, com 21 times divididos em 2 grupos, um de 10 e um 11. As equipes se enfrentariam dentro desses grupos em turno único e os quatro melhores de cada iriam a fase seguinte de mata-mata. O pior de cada grupo cairia. A torcida entrou em briga direta com a Federal Paulista por cobrar 20 reais pelos ingressos e por só ter colocado dois clássicos na primeira fase, sendo Santos x Palmeiras e São Paulo x Corinthians. Esse regulamento propiciou algumas aberrações ao fim da primeira fase. A Portuguesa Santista que se classificou em segundo do grupo A com 15 pontos, fez menos pontos que o 6º colocado do grupo B, o Marília, que não se classificou. O União São João de Araras (do fatídico post anterior) somou apenas um ponto em 10 partidas e não caiu. Tudo porque a Federação Paulista tirou 12 dos 10 pontos conquistados pelo Oeste, sob a acusação de utilização de jogador irregular. Isso mesmo, o Oeste foi lanterna do grupo B com -2 pontos. E no outro grupo o lanterna e rebaixado Juventus, somou 6 pontos. Com essa pontuação ele terminaria em 9º no grupo B, longe do rebaixamento. Curiosamente, no grupo A, o Juventus só caiu porque o São Paulo o derrotou por 2x1 de virada na última rodada, sendo que se o Juventus tivesse vencido antes favorito Corinthians teria sido rebaixado em seu lugar. O autor dos dois gols do jogo, Grafiti, até hoje é xingado por alguns torcedores do tricolor por ter salvo o rival.
Mais voltando ao importante, a zebra, chegamos as quartas de final, onde tudo seria resolvido em uma partida. O Santos eliminou o União Barbarense, o Palmeiras passou pela Portuguesa Santista, o Paulista eliminou surpreendentemente a Ponte Preta numa emocionante disputa de pênaltis e o São Caetano venceu o São Paulo, naquela que foi a única derrota do tricolor na competição, mas rendeu-lhe a eliminação precoce.
Na semi-final não foi diferente. O São Caetano empatou com Santos em 3x3 na Vila Belmiro, num jogaço, vencendo depois no Anacleto Campanela por 4x0. Na outra semi-final duas partidas memoráveis entre Palmeiras e Paulista, 1x1 no Parque Antártica e 3x3 em Araras (o jogo não pode ser realizado em Jundiaí). Nas duas partidas o Palmeiras de Vagner Love foi extremamente superior dominando o jogo mas esbarrando nas espetaculares defesas do goleiro Márcio. Na disputa de pênaltis o Paulista conseguiu uma vitória heróica por 4x3, levando a zebra de Jundiaí para a decisão.

O São Caetano treinado pela então revelação Murici Ramalho e o Paulista, do também novato técnico Zetti, chegavam a primeira decisão do Paulistão da história das duas equipes. Numa das aberrações da Federação Paulista, as duas partidas foram marcadas para o Pacaembu, pois os estádios de São Caetano e Jundiaí tinham capacidades inferiores a 30 mil torcedores.
Na primeira partida, com público pífio de pouco mais de 10 mil pagantes, o São Caetano venceu de virada por 3x1, com o mando de campo do Paulista, levando uma enorme vantagem para a segunda partida.

Como ninguém espera o São Caetano na final se esqueceram de que o time disputava a Libertadores e entre as duas partidas da final, o Azulão teve um jogo contra o The Strongest, na Bolívia, ao qual venceu por 2x0. Sem se preocupar em poupar jogadores, o time de Murici chegou para a segunda partida completo e pronto para jogar nos contra-ataques. O Paulista, melhor ataque da competição foi com tudo para cima do São Caetano, levando perigo ao gol de Silvio Luis. Entretanto, o Azulão, bem postado na defesa e melhor organizado em campo abriu o placar com Marcinho, aos 20 do primeiro tempo e segurou o placar até o intervalo. No segundo tempo, precisando de três gols, o Paulista se lançou ao ataque e acabou levando o segundo, marcado por Mineiro. Finalmente o Azulão deixou pra trás a estigma de vice e conquistou seu primeiro título paulista. Particularmente, penso que o Paulista que apareceu para o Brasil naquele campeonato, foi mais zebra que o São Caetano, mas para um campeonato onde Palmeiras, Santos e São Paulo eram favoritos disparados, uma final caipira foi uma zebra e tanto. E desde aquela época Murici já dizia: “cuidado, que a bola pune”.

Fotos: www.futebolnews.com
uol esportes

São Caetano 2 x 0 Paulista
São Caetano: Sílvio Luís, Ânderson Lima, Dininho, Serginho e Triguinho; Marcelo Mattos, Mineiro, Gilberto e Marcinho (Lúcio Flávio); Euller (Warley) e Fabrício Carvalho (Fábio Santos). Técnico: Murici Ramalho.
Paulista: Márcio, Lucas, Asprilla, Danilo e Galego; Umberto, Alemão, Canindé e Aílton (Fábio Melo); Izaías e João Paulo (Davi). Técnico: Zetti.
Gols: Marcinho, aos 20 do 1º; e Mineiro, aos 43 do 2º tempo
Cartões amarelos: Ânderson Lima e Serginho (São Caetano) e Alemão (Paulista)
Estádio: Pacaembu, em São Paulo(SP).
Data: 18/04/2004.
Árbitro: Sálvio Spínola Fagundes Filho (SP) Auxiliares: (SP) e (SP).
Público: 25.221 pagantes.

sábado, 22 de agosto de 2009

Ainda bem que quase ninguém lembra disso

Esse é um dos grande vexames que o Cruzeiro proporcionou na sua história recente. Eu não tinha nada que ficar lembrando, mas como resolvi falar de zebras, essa não podia ficar de fora.

Aconteceu no dia 17 de Agosto de 1997, no Mineirão. O Cruzeiro que recentemente havia conquistado a Taça Libertadores, estava com a cabeça no Mundial Interclubes e se esqueceu do Brasileirão, onde fez uma campanha ridícula. Conquistou apenas seis vitórias ficando à frente apenas de Bragantino, Guarani, Bahia, Criciúma, Fluminense e do lanterna, União São João de Araras. A propósito, esse lanterna foi o responsável pelo vexame de que trato neste post.
O fraquíssimo União São João de Araras só conseguiu vencer duas partidas na competição, sendo que uma delas foi justamente contra o Cruzeiro, campeão continental, dentro do Mineirão, numa noite em que nem o mais otimista de Araras apostaria numa vitória do União.
Àquela altura da competição o União só havia conquistado uma vitória e o Cruzeiro que fazia uma campanha ruim, ainda comemorando o recente título continental, via nesse jogo uma chance de recuperação na tabela. Essa recuperação era apoiada na empolgação da rodada anterior, quando o timr celeste havia goleado o Paraná por 4x0 no MIneirão. O time de Araras vinha se uma surra por 6x0 para o Vasco (leia-se Edmundo).

Quando o jogo começou na noite daquela quarta-feira os poucos corajosos que foram aos estádio viram um Cruzeiro apático, que não demonstrava vontade alguma de jogar, como se esperassem que a vitória chegasse a qualquer momento. O time de Araras visivelmente interessado em se defender, acabou por gostar do jogo e partir para o ataque. Numas dessas saidas esporádicas o time do União achou seu gol, com o meia Lisandro. Inoperante, o time do Cruzeiro não conseguiu reagir e mesmo com as substituições do técnico Nelsinho Batista o time não melhorou.
O apito final do árbitro deu fim a um jogo feio, onde a zebra de Araras, comandada por Geninho, se fez presente.
Aquele time, que foi campeão da Libertadores terminaria o campeonato a apenas 3 pontos da zona de rebaixamento, numa ridícula vigésima colocação. O time do União não venceu mais ninguém e terminou na lanterna.
As justificativas da péssima campanha eram que o time estaria focado no Mundial, título que não veio. Se não fosse a Libertadores o ano estaria perdido.
Esse jogo pífio felizmente passa longe da memória da maioria dos torcedores.

FOTO: www.dape.com.br/araras/images
www.cruzeiro.com.br (as duas fotos não são referentes ao dia da partida)

CRUZEIRO 0 x 1 UNIÃO SÃO JOÃO
Cruzeiro: Dida, Vítor(Marcos Teixeira), Gelson Baresi, Wilson Gottardo e Nonato; Fabinho, Donizete Oliveira (Donizete Amorim), Cleisson e Elivélton; Marcelo Ramos e Da Silva (Alex Mineiro). Técnico: Nelsinho Batista.
União São João: Adnam, Ivonaldo, Maxsandro, Augusto e Léo; Ricardo Lima (Valdo), Keler, Odair e Lisandro; Itamar (Márcio Neri) e Fabinho Fontes (Leonardo Oliveira). Técnico: Geninho
Gol: Lisandro.
Cartões amarelos:
Estádio: Mineirão, em Belo Horizonte (MG)
Data: 17/09/1997.
Árbitro: Jamir Cássios Garces
Auxiliares:
Público: 3.839 pagantes.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Uma trombada para a história



Nem só de zebras africanas vivem as Olímpiadas. Atlanta, em 1996, sediou a edição que comemorava os cem anos das Olímpiadas da era moderna e algumas das maiores zebras da história. E "trem ficou feio" logo de cara.
A franca favorita a disputar o ouro, a seleção brasileira, tinha um time dos sonhos. Campeã do Pré-Olímpico da Argentina invícta, chegou para o torneio reforçada, contanto com craques como Dida, Aldair, Roberto Carlos, Rivaldo, Bebeto e Ronaldo. Talvez apenas a Argentina pudesse fazer frente a essa equipe.
O espírito olímpico nunca esteve muito presente no torneio de futebol e passou longe da seleção do técnico Zagallo, que encarou a competição com banca de estrela, recheada de arrogancia.
A justificativa que muitos davam era o fato da seleção ter batido na trave duas vezes em 1984 e 1988 e ser eliminado vergonhosamente do Pré-Olímpico de 1992 após um empate com a Venezuela. Esses fatores fizeram da medalha de ouro uma obsessão.
Esse supertime er parte de um grande projeto olímpico, que se aproveitava das novas regras do COI, que permitiam que se chamasse três jogadores acima de 23 anos para os jogos.
Na estréia, o técnico Zagallo se mostrava extremamente confiante e ufanista, pois a fraca seleção japonesa não impunha medo a ninguém. Mas dava trabalho. Numa incrével retranca, o time japones segurou a pressão brasileira no primeiro tempo. Contra um time fraco e visivelmente preocupado com a defesa, o Brasil perdia muitas chances.
O goleiro Kawaguchi fazia inumeras defesas, enquanto a bola mal chegava ao gol de Dida. Entretanto quando foi...

Todos esperavam pelo gol brasileiro, que sairia mais cedo ou mais tarde, mas o que niguém imagina aconteceu. Eram quase trinta minutos do segundo tempo, com uma pressão incrível do Brasil quando numa saída de contra-ataque japones foi feito um lançamento torto e despretencioso, da intermediária para o meio da área, algo compretamente inofensivo. Aldair recuou para fazer o corte e Dida saiu do gol para cortar o cruzamento. Num lance medonho, que ultrapassou as barreiras do ridículo, Dida voou atabalhoadamente sobre Aldair. Os dois se chocaram bisonhamente e a bola sobou limpa para o japones Ito, que mal acradetou que só precisava empurrar a bola para o gol vazio. O Brasil estava perdendo para o Japão.
Pasmos os jogadores brasileiros entraram em pânico e partiram pro ataque. Perderam sucessivas chances em bolas que paravam nas mãos de Kawaguchi, rebatiam na zaga ou batiam na trave.
Quanto o árbitro mexicano apitou o fim da partida, os jogadores japoneses não cabiam em si de alegria, enquanto a vergonha tomou conta da seleção de Zagallo. Logo na estréia toda a banca de favorita da seleção canarinho caiu por terra. Não seria tão fácil vencer o torneio Olímpico como parecia. Mesmo assim a arrogancia de Zagallo continuava e a dificuldade de assumir que talvez o fato de ser o Brasil não fosse suficiente para vencer as partidas. Tradição e camisa não fazem tanta diferença nos Jogos Olímpicos.

Fotos: www.blogdoabdul.zip.net

BRASIL 0 x 1 JAPÃO
Brasil: Dida; Zé Maria, Ronaldo Guiaro, Aldair e Roberto Carlos; Amaral (Zé Elias), Flávio Conceição, Rivaldo e Juninho Paulista; Bebeto e Sávio (Ronaldo). Técnico: Zagallo
Camarões: Kawaguchi, Tanaka, Endo (Shirai), Matsuda, Suzuki, Michiki, Ito, Hattori, Maezono, Nakata (Uemura), Jo (Matsubara). Técnico: Akira Nishino
Gol: Ito, aos 27 do 2º tempo.
Estádio: Orange Bowl , em Miami (EUA)
Data: 21/07/1996.
Árbitro: Benito Archundia (MÉX) Auxiliares: Peter Kelly (TRI) e Mohamed Osman (SUD)
Público: 46724 pagantes

terça-feira, 4 de agosto de 2009

2004: O ANO DA ZEBRA NO HORÓSCOPO FUTEBOLÍSTICO - CRAC na cabeça!

Se você visitar o site do CRAC, time da cidade de Catalão,em Goiás, vai encontrar a descrição deste resultado como sendo fruto de determinação, planejamento e organização, num trabalho bem feito pela diretoria, comissão técnica e jogadores. Pode até ter sido isso mesmo, mas para mim não passou de mais uma zebra, que colaborou para que o ano de 2004 fosse “O ano da zebra no horóscopo futebolístico”.

O time do CRAC, Clube Recreativo Atlético Catalano, conquistou em 2004, seu segundo título do campeonato goiano, igualando seu feito de 1967. Muitos acreditavam que seria impossível, principalmente pela presença de duas fortes equipes, como eram o Goiás e o Vila Nova. Como agravante o time retornava a primeira divisão goiana naquela temporada.

A equipe da cidade de Catalão possuía jogadores de vários cantos do Brasil, que formaram um grupo homogêneo, que fez uma campanha boa na primeira fase, com 11 vitórias, 2 empates e 4 derrotas, o que o credencio para disputar a semifinal contra o Goiás. Vale lembrar que no ano anterior, o Goiás havia chegado as semifinais da Copa do Brasil, ganhado o estadual e realizado uma brilhante arrancada no Brasileirão, partindo da lanterna para o 9º lugar.
O Leão do Sul, como é conhecido o craque, não tomou conhecimento e encarou de igual para igual o time da capital. Na primeira partida, em Catalão, o CRAC venceu por 3x0, e na partida em Goiânia, o jogo terminou 2x0 para o Goiás. Como o saldo de gols não valia como desempate, a partida seria disputada nas penalidades. O arqueiro do CRAC, Helder fechou o gol e garantiu a vitória por 4x2.
Na decisão, o CRAC foi derrotado na primeira partida, no Serra Dourada, por 2x1, mas mesmo assim não se abateu. Apesar de tudo apontar para o título da Vila Nova, o que espantaria a zebra, o CRAC ainda se apega a força da sua torcida, uma vez que a decisão seria em Catalão.

O estádio estava lotado e a partida foi emocionante. Tendo a torcida como o 12° jogador, o CRAC esqueceu o favoritismo do Vila e venceu com superioridade absoluta, por 3x0. O Vila Nova ainda perdeu seu zagueiro Willians expulso, complicando mais na decisão. O time de Catalão dominou o jogo e com os gols de Sandro Oliveira, Celinho e Guarú, levou a partida para a disputa de pênaltis. Mais uma vez o time venceu, dessa vez por 5x4, garantindo o ressurgimento da equipe, que conquistava o título depois de 37 anos, no ano em que retornava da segundona estadual. Catalão ficou em festa.
Mais uma zebra ganhou forma, mas por merecimento, pois o CRAC foi reestruturado para ser uma zebra competitiva e surpreender os grandes da capital.

FOTOS: www.cracnet.com.br (atentem para a correção gramatical da faixa que os jogadores levam na foto do título)

CRAC 3 x 0 VILA NOVA
Penaltis: CRAC 5x4 VILA NOVA
CRAC: Helder, Baiano, Cristiano, Cleiton Mineiro e Marcinho (Cleiton Goiano); Pedrinho, Celinho, Cacá e Guarú; Sandro Oliveira e Sandro Goiano. Técnico: Wanderley Paiva.
Vila Nova: Kiko, Bosco, Willians, Higor (Jacques) e Michael; Fábio Bahia, Heleno, Evandro e Robson (Luciano); Wando e Mendes. Técnico: Evair.
Gols: Sandro Oliveira, aos 55 segundos do 1° tempo, Celinho, aos 7, e Guarú, aos 40 minutos do 2° tempo.
Cartões amarelos: Helder, Cacá, Cleiton e
Sandro Goiano (CRAC) e Bosco (Vila Nova)
Cartão vermelho: Willians (Vila Nova).
Estádio: Estádio Genervino da Fonseca, em Catalão(GO).
Data: 18/04/2004.
Árbitro: Cleiber Elias (GO) Auxiliares: Gesmar Miranda (GO) e José Bonfim (GO).
Público: 12.000 pagantes.

sábado, 1 de agosto de 2009

Kaburé?

A Copa do Brasil é, sem sombra de dúvida, o lugar certo para se procurar uma zebra (assim como todas as outras copas nacionais). A Copa do Brasil de 1994 foi recheada delas, mas vou me conter nesta. Pelo menos por enquanto.
Essa história poderia passar incógnita para muitos, mas não passou. Para os mineiros, devido ao vexame de um de seus mais tradicionais times e, para o resto do Brasil, por conhecer pela primeira vez uma classificação de um time tocantinense, a nível nacional.

Esse confronto ocorreu pela primeira fase da Copa do Brasil, do ano de 2004, reunindo o atual campeão mineiro, o América, e o campeão da Copa Tocantins (equivalente ao Estadual), o Kaburé.
O tradicional América, de Belo Horizonte, disputava a sua segunda Copa do Brasil. No ano anterior, entrou na competição como vice-campeão mineiro e saiu na primeira fase, eliminado pelo Vitória da Bahia. Naquela edição, entrava como campeão mineiro de 1993, com todo o favoritismo do mundo, contra o desconhecido Kaburé.
O Kaburé Esporte Clube é de Colinas, no Tocantins e foi fundado 1985, mas só se profissionalizou no inicio da década de 90. Aquela, além de ser sua primeira participação em torneios nacionais, era a primeira vez que o estado de Tocantins tinha um representante na Copa do Brasil.
A incógnita começou a se desfazer no dia 08 de março, na cidade de Colinas, onde foi realizado o jogo de ida. O estádio Bigodão estava lotado para assistir a primeira participação de um time do estado de Tocantins na Copa do Brasil. E acabou vendo mais do que esperava.
Num jogo atípico, onde o América encontrou muitas dificuldades para desenvolver seu futebol, o Kaburé fez valer o mando de campo e a força da torcida, surpreendendo a todos com uma vitória por 2x0, com gols de Fábio Canela e Pedrinho. Os jogadores ao sair de campo pareciam não acreditar no resultado, mas nenhum dos atletas do América duvidava de que no jogo de volta, no Independência, em BH, o time reverteria a situação.

No dia 17 daquele mesmo mês, o Independência foi palco de uma das maiores zebras da história da competição. O time do Kaburé, que a poucos anos ainda era amador e que vivia sua primeira experiência a nível nacional, conseguiu surpreendentemente segurar o ímpeto do time do América, perdendo por apenas 1x0. O gol solo de Hamilton não foi capaz de garantir a classificação da equipe do técnico Formiga, que foi eliminada precocemente da competição.
A zebra Kaburé se classificou para a segunda fase, onde foi eliminada sem dificuldades pelo Comercial/MS, que a derrotou nas duas partidas por 2x0. Essa, guardada as devidas proporções, foi a maior glória do time Tocantinense, que participaria por outras duas vezes da competição, sendo eliminado sem dificuldades pelo Flamengo, em 1995, e pela Portuguesa, em 1997.
Já ao América, restou uma zebra histórica e um vexame jamais esquecido por sua torcida.

KABURÉ-TO 2 x 0 AMÉRICA-MG
Kaburé: Sérgio; Estevam, Luís Carlos Marins, Lelei e Ronaldo Padeiro; Cleilson, Fábio Canela, Pedrinho (Dias) e Lino; Gilberto e Paulo Henrique (Iran). Técnico: Iduval Pontes.
América-MG: Milagres; Ronaldo Padeiro, Fagundes (Andrey), Lelei, e Luís Carlos Marins; Taú, Gutemberg e Flávio; Marcinho (Carlinhos), Hamilton e Róbson. Técnico: Chico Formiga.
Gols: Pedrinho e Fábio Canela.
Cartões amarelos: Gutemberg, Ronaldo Padeiro e Carlinhos (América-MG).
Cartão vermelho: Flávio (América-MG)
Estádio: Bigodão, em Colinas (TO)
Data: 08/03/1994.
Árbitro: Auxiliares:
Público:

quarta-feira, 29 de julho de 2009

O milagre de Berna


Milagres não acontecem todos os dias no futebol. O dia 4 de Julho de 1954 foi uma exceção. Essa foi a data da decisão da Copa do Mundo daquele ano, que tinha tudo para coroar uma seleção mágica.
Aquele mundial teve uma série de particularidades. Foi a primeira transmitida pela televisão e foi realizada na Suíça pelo fato Fo país ter ficado neutro na II Guerra Mundial. Essa copa marcou também a estréia da uniforme amarelo da seleção brasileira e principalmente, a queda de uma seleção inesquecível.
A seleção húngara era fantástica. Possuía craques como Ferenc Puskás, Nándor Hidegkuti, József Zakariás, Sándor Kocsis, Zoltán Czibor, dentre outros. Chegou a final daquele mundial com uma invencibilidade de 32 partidas, quase 5 anos sem perder. Havia sido a primeira seleção não britânica a vencer a Inglaterra em Wembley, quando venceram por em 6X3, em 1953. Conquistou a medalha de ouro no torneio olímpico de Helsink, em 1952, vencendo suas cinco partidas (2x1 Romênia, 3x0 Itália, 7x1 Turquia, 6x0 Suécia e 2x0 Iuguslávia). Ganhou de todos e muitas vezes de goleada. O técnico húngaro Gusztav Sebes criou um sistema revolucionário, no qual os atacantes não tinham posição fixa, cuja base era o Honved, time do exército húngaro, onde brilhavam Ferenc Puskas e Sandor Kocsis.
Naquela Copa foi arrasadora. Na primeira faz goleou a Coréia do Sul por 9x 0 e a Alemanha Ocidental, 8 a 3. Nas quartas e semifinal eliminou os finalistas da última copa, respectivamente o Brasil e o Uruguai, ambos por 4x2; sendo que contra o Uruguai, a partida havia terminado 2x2 no tempo normal. Nada parecia barrar o título da máquina húngara. Curiosamente, em todos os seus jogos, os húngaros abriam dois gols de vantagem nos primeiros 15 minutos de partida, talvez por terem sido a primeira seleção a se aquecer antes das partidas.
Seu adversário na decisão, o selecionado da Alemanha Ocidental, chegou a final depois de vencer a Turquia (3x1), ser goleado pela Hungria (8x3), vencer o jogo desempate contra a Turquia (7x2) e vencer Iuguslávia (2x0) e Áustria (6x1). Na derrota por 8x3, na primeira fase, o técnico Sepp Herberger escalou seus reservas, para poupar titulares e estudar a equipe húngara, sem expor sua força máxima.
Na final, o Wankdorf Stadium, em Berna, recebeu 60.000 pessoas que se espremerem para acompanhar a partida final que coroaria a seleção da Hungria. Choveu muito no dia da partida e Adi Dassler, proprietário da Adidas e fornecedor de material esportivo para a seleção alemã, forneceu chuteiras com cravos intercambiáveis, que se adaptariam melhor ao campo molhado.

Ferenc Puskás jogou machucado, mas, mesmo sem estar no melhor da sua forma, abriu o placar aos 6 minutos de jogo. Logo depois, aos 8, Zoltán Czibor ampliou e deu a todos a certeza do título. Quer dizer, a todos menos os alemães, que logo aos 10 minutos diminuíram com Max Morlock. A partida estava eletrizante e Helmut Rahn empatou aos 19. Os primeiros 20 minutos da decisão foram espetaculares. No restante do primeito tempo, os alemães seguraram o ímpeto húngaro, levando o empate para os vestiários.

No segundo tempo a Hungria perdeu muitas chances e acabou sendo levada pelo nervosismo. Acostumada a resolver logo a partida acabou presa ao esquema dos alemães, que "cozinharam" o jogo. Tudo indicava que terminaria empatada a partida, mas a seis minutos do fim, Rahn, que chutou da meia-lua da área, após rebatida da zaga húngara virou a partida. Seria um milagre? O excrete húngaro, antes imbatível, estaria perdendo? Depois, que Puskás ainda teve um gol anulado no finalzinho, por estar impedido; a certeza do inacreditável se deu. A Hungria perdeu o título.
Esse resultado foi um baque para aquele time, que nunca mais foi o mesmo. Já a Alemanha Ocidental cresceu muito com aquele resultado. A imagem dos alemães recebendo a Taça Jules Rimet com a torcida cantando junto o hino nacional alemão, foi tão emblemática para o país no pós-guerra quanto seria a queda do Muro de Berlim. A partida é conhecida como o Milagre de Berna, tendo sido tema de um filme, em 2003, que redebeu o mesmo nome.
Para os húngaros, que tiveram uma média de 5,4 gols por jogo, marcando 27 gols em 5 jogos, aquela derrota foi o maior desastre do seu futebol.

Foto: esportes.terra.com.br
www.duplipensar.net
fifa.com

ALEMANHA OCIDENTAL 3 x 2 HUNGRIA
Alemanha Ocidental: Turek; Posipal e Kohlmeyer; Eckel, Liebrich e Mai; Rahn, Morlock, Ottmar Walter, Fritz Walter e Schafer. Técnico: Sepp Herberger.
Hungria: Grosics; Buzansky e Lantos; Bozsik, Lorant e Zakarias; Czibor, Kocsis, Hidegkuti, Puskas e Toth. Técnico: Gusztav Sebes.
Gols: Puskas, aos 6; Czibor, aos 8; Morlock, aos 10; e Rahn, aos 18 do 1º tempo; e Rahn, aos 39, do 2º tempo.
Estádio: Wankdorf Stadium, em Berna (SUI) Data: 04/07/1954.
Árbitro: William Ling (ING). Auxiliares: Vincenzo Orlandini (ITA) e Benjamin Mervyn Griffiths (GAL).
Público: 62.472 pagantes

Confiram os lances dessa decisão histórica:

segunda-feira, 27 de julho de 2009

2004: O ANO DA ZEBRA NO HORÓSCOPO FUTEBOLÍSTICO - Tricolor de canoa furada

Mais um caso de zebra no ano de 2004. Esse foi menos falado mas não menos importante. Para aqueles que estão acostumados a um Gre-nal todo o ano, na decisão do Gauchão, esse ano tivemos uma surpresa. E não foi nem o Juventude, nem o Caxias. Foi um estreante na primeira divisão.

O Campeonato Gaúcho de 2004 teve uma formula confusa e nem um pouco prática. Naquela temporada, foi dividido em dois módulos. O grupo 1, possuía os integrantes do campeonato brasileiro (Grêmio, Inter, Juventude e Caxias) e os quatro melhores clubes do interior do Gauchão 2003 (Santa Cruz, Glória, XV de Campo Bom e São Gabriel). Eles foram divididos em dois grupos de quatro classificando-se os dois melhores de cada chave, para as semifinais e finais. Os dois que chegassem à final desse módulo (que foram Inter e Grêmio) estariam diretamente na fase final.
Depois disso, foi formado um grupo 2, com as 14 equipes do interior que disputavam a 1ª divisão do Gauchão, incluindo as 4 que estavam no grupo 1. Dessa maneira, apenas as equipes que disputavam o Brasileirão ficaram de fora dessa fase, que durou de março a maio, com turno e returno. Os dois primeiros desse grupo 2, Ulbra e Glória, se classificaram para a fase final juntamente à Grêmio e Internacional.
Essa confusão toda foi feita para manter os times do interior em atividade o maior tempo possível.
Bom, chegamos finalmente ao que interessa. As semifinais do Gauchão 2004 foram realizadas apenas no mês de junho, com dois times do interior e dois da capital. O Inter quase embarcou numa zebra, ao empatar com o Glória, por 2x2, depois de um empate de 1x1 no tempo normal, seguido de outro 1x1 na prorrogação. O Gigante de Beira Rio sofreu muito naquela noite, mas viu o Colorado vencer por 4x1 na disputa e pênaltis. Já o rival, Grêmio, não teve a mesma sorte.
O Tricolor dos Pampas enfrentou a Ulbra, em Canoas, esperando confirmar sua classificação. O estádio da Universidade de Canoas recebia um público razoável para o horário de 20h30, sendo que boa parte dos torcedores era de estudantes.Era a primeira vez na história que as duas equipes se enfrentavam. O time da Ulbra foi fundado em 2001 e aquela era apenas sua primeira participação no Gauchão.
Para o Grêmio era uma questão de honra ir à final daquele Gauchão, pois nos dois anos isso não acontecia. O time de Adílson Batista entrou em campo determinado, mas foi surpreendido ao fim do primeiro tempo, com a derrota parcial por 1x0. O gol surgiu na cobrança de escanteio. A bola rebatida sobrou para o zagueiro Marcelo, que dominou, girou e chutou no canto esquerdo.

A partida tinha um nível técnico baixo, mas era muito disputada. Depois da surpresa, o Grêmio reagiu e dominou o jogo, sendo que só não empatou ainda no primeiro tempo porque o goleiro Rafael fez grande defesa, na chance de Tiago Prado; e Christian perdeu um gol por driblar em excesso.
O Grêmio dominava o meio de campo e a Ulbra apostava nos seus alas. Num dessas saídas.
O Grêmio voltou mudado para o segundo tempo. Pressionou e conseguiu um pênalti logo no início. Luciano Ratinho bateu mal, o goleiro chegou na bola, mas ela entrou.
A Ulbra foi para cima e o meia Cléber chamou para si a responsabilidade. Exigiu grande defesa de Tavarelli, chutou uma bola na trave e, aos 26, marcou o segundo gol, num frango de Tavarelli, que aceitou um chute. Logo ele que foi o motivo de uma grande luta gremista para liberá-lo da seleção paraguaia.

Baloy foi expulso e, com um a menos, o grêmio sofreu o terceiro, com Fabrício e se não fossem a chances perdidas pela Ulbra, teria sido goleado.
Era mais uma zebra. A Ulbra chegou pela primeira fez na sua história a decisão do Gauchão. Perderia em casa para o Inter por 2x1, mas deixou claro que a cidade universitária de Canoas não possuía apenas times de vôlei e futsal.

ULBRA 3 x 1 GRÊMIO
Ulbra: Rafael; Renato Tilão, Marcelo e Sidnei; Barão, Bagnara, Lauro, Cléber e Evaldo(Sandro); Sinval e Fabrício Técnico: Armando Desessards.
Grêmio: Tavarelli; Michel, Baloy, Tiago Prado e Michel Bastos(Marcelo Magalhães); Cocito, Leanderson, Bruno e Leonardo Inácio (Luciano Ratinho); Claudio Pitbull e Christian (Rico) Técnico: Adílson Batista.
Gol: Marcelo, aos 18 do 1º tempo. Luciano Ratinho (pênalti), aos 7; Cléber, aos 26, e Fabrício, aos 38 do 2º tempo.
Cartões amarelos: Evaldo e Sinval (Ulbra); Cocito (Grêmio).
Cartão vermelho: Baloy (Grêmio).
Estádio: Complexo Esportivo Ulbra, em Canoas (RS)
Data: 02/06/2004.
Árbitro: Fabrício Corrêa (RS) Auxiliares: Paulo Ricardo Conceição (RS) e Vili Tissot (RS).
Público:

domingo, 26 de julho de 2009

Os chipolopolos

Um excelente celeiro de zebras é a África. Por mais que sejam bons os resultados das seleções africanos, sempre vemos com desconfiança as seleções daquele continente. E em muitas das vezes, nos deparamos com resultados de cair o queixo.
Nada melhor que uma Olimpíada para uma boa zebra ganhar destaque. Nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988, não foi diferente.
Para muitos, foi o torneio mais disputado da história Olímpica, tendo contado com as quatro seleções mais vencedoras desse esporte: Brasil, Alemanha Ocidental, Itália e Argentina. Durante a primeira fase, tudo correu com tranqüilidade nos grupos A, onde Suécia e Alemanha Ocidental eliminaram Tunísia e China; e no grupo C, onde União Soviética e Argentina passaram por Coréia do Sul e Estados Unidos. No grupo D, o grupo do Brasil, houve uma pequena surpresa quando a Austrália eliminou a Iuguslávia, se classificando em segundo, atrás da seleção brasileira. Já a Nigéria foi coadjuvante.

A grande zebra estava para o grupo B. Na primeira rodada, a favorita do grupo, a Itália, venceu com sobras a Guatemala, por 5x2, enquanto as desconhecidas seleções do Iraque e da Zâmbia empataram em 2x2. Na segunda rodada, era esperada uma sonora goleada da Itália para cima da seleção de Zâmbia. Passou longe disso.
A Itália possuía bons valores, como Tacconi, Virdis, De Agostini, Rizzitelli, Carnevale e um certo Baggio. Entrou em campo sem muitas informações sobre a seleção da Zâmbia, mas certa da vitória. O cartão de visitas dos africanos foi inesquecível. A Itália entrou desatenta e levou o primeiro gol. Desorientada e sem muito volume de jogo, se viu perdida na velocidade dos africanos, que comandados por um jovem de nome Kalusha Bwalya, que comandou a equipe na partida. Ele marcou três gols e deu passe para outro. Isso mesmo, sua conta está certo. A seleção da Zâmbia venceu a Itália por 4x0 e surpreendeu a todos. A surpresa aumentou quando na última rodada, repetiram o 4x0 contra a Guatemala e se classificaram em primeiro do grupo, com os italianos em segundo. Apresentaram um futebol, ousado, divertido e irreverente. Depois a ordem seria restabelecida, com a Alemanha Ocidental eliminando Zâmbia nas quartas, devolvendo o placar de 4x0.

Aquela zebra repercutiu muito na África. Os jornais zambianos insinuaram que nunca se vendeu tantos mapas africanos na Itália como depois daquela partida. O principal nome do time, Kalusha Bwalya, foi eleito Jogador do Ano na África em 1988.
O resultado foi importante, pois deu ânimo àquela geração, que passou a ser respeitada. Alguns de seus jogadores foram jogar em times do exterior, como o PSV Eindhoven da Holanda, o Brugge da Bélgica e o Argentino Juniors da Argentina.
Anos mais tarde, a seleção de Zâmbia fez uma ótima campanha nas eliminatórias para a Copa de 1994, nos EUA, chegando a ser líder do seu grupo, mas após um acidente aéreo, perdeu 18 de seus jogadores. Acabou perdendo a vaga para o Marrocos, quando já era tida como favorita.
Mesmo com o fim trágico daquela geração, aquela campanha olímpica ficou para a história, por ter representado a primeira e grande aparição dos chipolopolos (como eram conhecidos os jogadores da Zâmbia) no cenário internacional.

Fotos: www.gardenal.org/balipodo

ITÁLIA 0 x 4 ZÂMBIA
Itália: Tacconi, Tassotti, Cravero(Pellegrini), De Agostini e Ferrara; Colombo(Crippa), Mauro, Galia e Iachini; Carnevale e Virdis. Técnico:
Zâmbia: DChabala, Chabinga, Melu, Chomba e Mumba; J.Bwalya, Musonda, Makinka e K.Bwalya; Nyirenda (Chikabala) e Chansa. Técnico:
Gol: Kalusha Bwalya, aos 41 do 1º tempo. Kalusha Bwalya, aos 11 e 44; e Johnson Bwalya, aos 19 do 2º tempo.
Estádio: , em Kwangju (COR)
Data: 19/09/1988.
Árbitro: Keith Hackett (Eng) Auxiliares: S. Takada (JAP) e J. Loustau (ARG)
Público: 9.800 pagantes.

Caso seja difícil de acreditar, assistam aos gols dessa partida:

sábado, 25 de julho de 2009

O Mosca na sopa do Botafogo

O Brasileirão de 1984 (ou Copa União, se preferirem), propiciou algumas situações inusitadas. Parte delas referentes ao seu regulamento, que era recheado de fases e repescagens. O critério para participação era a classificação nos Estaduais do ano anterior. Para evitar a ausência dos grandes e não precisar convidá-los posteriormente, a CBF reservou duas vagas para clubes de tradição que não conquistassem a vaga diretamente. Isso foi providencial para o Vasco (sétimo no Carioca) e Grêmio (terceiro no Gaúcho). O primeiro colocado na fase inicial da Série B entraria na disputa da série A. Uma bela bagunça, que teve cinco fases, incluindo uma repescagem.

Alheio a isso o time do Botafogo entrou na disputa pensando no título, apesar de não ter feito uma boa campanha no campeonato carioca do ano anterior, onde terminou em quinto. Porém tinha uma equipe competitiva.
Na primeira fase se classificou em segundo no seu grupo, atrás do Santa Cruz de Recife. O grupo ainda contava com a Portuguesa, que se classificou em 3º lugar e os eliminados Auto Esporte, do Piauí, e Moto Club, do Maranhão. Esse mesmo Moto Club venceu o Fogão no Maracanã, no dia 22 de fevereiro, com gol de Cândido. Mas calma essa ainda não é a zebra de que tratarei. Coisa pior estava por vir.
Na segunda fase o Botafogo entrou como favorito, junto com o América do Rio, num grupo que tinha ainda Coritiba e Operário do Mato Grosso. Nas duas primeiras rodadas, um empate com o Operário, em Cuiabá, e uma vitória sobre o Coritiba, no Maracanã, mantiveram tudo no seu devido lugar. Porém, o Botafogo se complicou empatando os dois jogos seguintes, contra América e Coritiba. Mas mesmo assim precisava de uma vitória em um dos dois jogos que faltavam para se classificar. E não é que o Botadogo perdeu para o América e deixou tudo para a última rodada?
Ainda assim, estava tudo sobre controle. Era só vencer o modesto Operário/MT, que ainda não tinha vencido ninguém na segunda fase. Mas havia uma mosca na sopa do time da estrela solitária. Ou melhor um mosca.
No último jogo, realizado em São Januário (daí, já se nota que tudo começou errado. Botafogo jogando com seu mando de campo em São Januário não poderia ser um bom presságio), o Operário venceu por um a zero, com um gol do Mosca. Nenhum dos pouco mais de seis mil corajosos botafoguenses que compareceram ao jogo acreditaram no vexame do seu time. O resultado eliminou surpreendentemente o Botafogo e, de quebra deixou a equipe carioca em último lugar no grupo.
O Mosca acabou propiciando uma zebra do tamanho de um elefante.

Foto: reliquiasdofutebol.blogspot.com

BOTAFOGO 0 x 1 OPERÁRIO/MT
Botafogo: Paulo Sérgio; Josimar, Caxias, Cristiano e Paulo Roberto; Demétrio, Nininho (Cláudio) e Berg; Djalma Baia, Claudio Adão e Té. Técnico: Didi
Operário/MT: Mão de Onça; Alcir, Laércio, Agnaldo e Jorge Macedo; Ivanildo, Claudio Barbosa e Dito Serqueira; Zé Dias, Luisão e Mosca. Técnico: Nivaldo Santana
Gol: Mosca.
Cartões amarelos: Paulo Roberto, Josimar (Botafogo); Mosca, Zé Dias e Agnaldo (Operário/MT).
Estádio: São Januário, no Rio de Janeiro (RJ)
Data: 01/04/1984.
Árbitro:
Auxiliares:
Público: 6.094 pagantes.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

2004: O ANO DA ZEBRA NO HORÓSCOPO FUTEBOLÍSTICO - De Vaca manda o Brasil para o brejo

Abro aqui uma série especial neste blog. Seguindo uma sugestão do meu ilustre amigo Glauber Fernando , começo uma série sobre o ano máximo da proliferação das zebras no futebol mundial. “2004: o ano da zebra no horóscopo futebolístico” vem para retratar a grande quantidade de surpresas que esse ano atípico nos reservou, seja em âmbito nacional ou internacional. A tradição sofreu muito nesse ano e é isso que veremos nos posts dessa série.

O pimeiro caso retratado já foi bastante intrigante. Num ano Olímpico, a seleção brasileira de futebol masculino se preparou para a inédita medalha de ouro no torneio de futebol das Olímpiadas. Atenas era a meta maior do time comandado por Ricardo Gomes. O Pré-olímpico do Chile era mera formalidade.
O Brasil contava com Gomes, Maicon, Edu Dracena e Wendell, campeões da Copa do Brasil e do Brasileirão pelo Cruzeiro em 2003; Alex, Paulo Almeida, Diego e Robinho, vice-campeões da Libertadores e do Brasileirão pelo Santos; sem contar as jovens revelações do Internacional, Daniel Carvalho e Nilmar; o lateral Maxwell, da Inter de Milão; o volante Dudu Cearense, do Vitória; e Dagoberto, atacante do Atlético Paranaense. Era um time para ganhar medalha de ouro.

Na primeira fase o Brasil sofreu com alguns dificuldades de adaptação e classificou-se em segundo lugar no seu grupo, com duas vitórias (4x0 na Venezuela e 3x0 no Paraguai) e dois empates (1x1 Uruguai e 1x1 Chile). Como apenas os primeiros lugares de cada grupo passavam direto para a fase final, o Brasil foi obrigado a disputar a repescagem contra o terceiro lugar do outro grupo, a Colômbia, a quem venceu por 3x0. Já o Paraguai passou a duras penas pelo Equador, vencendo nos penalts por 4x2, após empate em 0x0.

A fase final contava com Brasil, Paraguai, Argentina e o Chile. Na estréia na fase final, o Brasil foi derrotado por 1x0 pela Argentina, num clássico extremamente catimbado, onde os jogadores brasileiros perderam a cabeça e entraram no jogo dos argentinos. Na segunda rodada, um jogo tenso e uma vitória sofrida por 3x1 contra os donos da casa, os chilenos. Chegariamos a última rodada empatados em 3 pontos com o Paraguai, jogando por um empate pela vaga em Atenas.
Os paraguais vinham de uma derrota pra Argentina e uma vitória contra o Chile. Desfalcados, não deciam oferecer muita ressistência. Não foi bem o que aconteceu.
Na partida decisiva, no domingo, dia 25 de Janeiro, em Viña Del Mar, foi totalmente atípica.
Os jogadores brasileiros não pareciam disputar uma decisão, enquanto o Paraguai partiu pra cima e cansou de perder gols. O Paraguai marcou na saída de bola brasileira e o contra-ataque sempre levava perigo ao gol de Gomes. Aos 32 minutos, após cruzamento de Edgar Barreto, De Vaca subiu de cabeça e marcou o gol que seria o da classificação paraguaia.

Precisando do empate, o Brasil voltou mais disposto no segundo tempo. Entretanto, não conseguiu furar a retranca paraguaia. No segundo tempo o Paraguai recuou e se preocupou apenas em defender. Insistindo em carregar a bola e com suas principais estrelas, Robinho e Diego, completamente apagadas, pouco perigo ofereceu ao gol paraguaio. Nas poucas vezes que as finalizações brasileiras foram ao gol, o goleiro Diego Barreto efetuou ótimas defesas.
Errando muito, acabou desclassificado no pré-olímpico pela terceira vez em sua história. O Brasil ficou fora das Olimpíadas e teve que assistir os jogos de Paraguai e Argentina pela TV. O técnico Ricardo Gomes assumiu a culpa pela derrota, mas isso não conseguiu aliviar o peso da decepção daquele time, que tinha tudo para ser campeão olímpico. Àquela altura, já tinhamos indícios de que 2004 poderia sim ser o ano da zebra.

Fotos: globoesporte.com

BRASIL 0 x 1 PARAGUAI
Brasil: Gomes; Elano, Edu Dracena, Alex e Wendell; Paulo Almeida (Dagoberto), Dudu Cearense, Diego (Nilmar) e Daniel Carvalho; Robinho e Marcel (Adaílton). Técnico: Ricardo Gomes.
Paraguai: Diego Barreto; Martínez (Villalba), De Vaca, Manzur e Felipe Gimenez; Torres, Edgar Barreto (Irala), Figueredo e Díaz; Bareiro e Pablo Gimenez (Alvarenga). Técnico: Carlos Jara.
Gol: De Vaca, aos 32 do 1º tempo.
Cartões amarelos: Diego, Adaílton e Elano (Brasil); Figueredo, Felipe Gimenez e Alvarenga (Paraguai).
Cartão vermelho: Edu Dracena (Brasil).
Estádio: Sausalito, em Viña del Mar (CHI)
Data: 25/01/2004.
Árbitro: Gustavo Mendez (URU) Auxiliares: Félix Badaraco (Equador) e Pablo Fandiño (Uruguai).
Público: 9.000 pagantes.

O milésimo jogo de Pelé pelo Santos

Jogos festivos são campos propícios para a aparição de zebras. Parece que o ambiente de comemoração de resultados ou marcas importantes atrai resultados inesperados. Fato semelhante se deu no ano de 1972, em Fortaleza, quando um certo Rei comemorava mais uma das grandes marcas de sua vitoriosa carreira.
O jogo entre Santos e Ceará, em Fortaleza, marcaria o milésimo jogo de Pelé com a camisa do Santos. Uma marca e tanto, principalmente para o Rei, que era além de tudo uma bandeira do time do Santos. E além da comemoração da marca, o jogo era válido pela primeira fase do Campeonato Brasileiro daquele ano. O dia 03 de Novembro estava marcado para ficar na história e o resultado esperado era mais uma vitória do time santista.

Apesar de não possuir o mesmo esquadrão da década de 60, o santos, comandando pelo técnico Pepe, apresentava uma equipe muito superior a do Ceará. E ninguém duvidava que Pelé fazia a diferença. Como fez no primeiro tempo.
O Santos impôs seu jogo no início da partida, mas o Ceará logo equilibrou ações, aproveitando-se do apoio do torcedor. Pelé abriu o placar para o Santos, com muitas festa por parte dos jogadores e até mesmo da torcida do Ceará. O primeiro tempo terminou no 1x0 para o time da Vila Belmiro.
Mas o segundo tempo foi diferente. O time do Ceará voltou a campo disposto a virar o placar. E conseguiu. Com gols de Samuel, aos 13, e Da Costa, de cabeça, aos 30, o Vozão (como é conhecido o Ceará) virou a partida e surpreendentemente venceu o Santos.

Como de costume, existe sempre uma história sobre a partida, que, como não pode ser comprovada com fidelidade, acaba ficando para o folclore do futebol. Neste jogo, O autor do gol da virada, Da Costa, teria sido beneficiado por uma aposta entre torcedores. Um cearense, de nome Paulino Rocha, teria apostado com um torcedor rival, de nome Rolim, que o gol da vitória seria do Da Costa. Caso isso acontecesse, o perdedor pagaria o valor integral da aposta ao jogador do Ceará.
Bom, se foi assim que aconteceu, Da Costa pode ter ganhado uma boa grana, enquanto o futebol brasileiro ganhou uma boa zebra, num dia em que o estádio Presidente Vargas presenciou uma bela partida.

Fotos: cearaumapaixao.blogspot.com (Ceará)
www.museudosesportes.com.br (Santos)

CEARÁ 2 x 1 SANTOS
Ceará: Hélio, Paulo Tavares, Odélio, Mauro Calixto e Dimas; Edmar, Joãozinho, Nádio e Jorge Costa; Da Costa e Samuel. Técnico: Ivonísio Mosca.
Santos: Joel Mendes, Turcão, Altivo, Paulo e Murias (Vicente); Léo Oliveira, Roberto Carlos, Pitico e Afonsinho (Edu); Ferreira, e Pelé. Técnico: Pepe.
Gols: Pelé, aos do 1º tempo; Samuel, aos 17 , e Da Costa aos 30 do 2º tempo.
Estádio: Presidente Vargas, em Fortaleza (CE)
Data: 03/11/1972.
Árbitro:
Auxiliares:
Público: 35.752 pagantes

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Tango com os leões



Camarões fazia apenas a sua segunda participação em Copas do Mundo, sendo que na anterior, na Espanha em 1982, o máximo que consegui fazer foi se envolver na polêmica de um possível jogo vendido para classificar a Itália, na primeira fase.
A comunidade futebolística internacional não esperava muito de um time que tinha como craque o jogador Roger Milla, de 38 anos.
Era a abertura da Copa do Mundo da Itália, e como de costume, a seleção atual campeã entrava em campo, cercada de favoritismo. Campeões em 1986, os argentinos liderados por Maradona e Caniggia esperavam desfilar na primeira partida. Maradona se sentia em casa, por jogar a copa no país em que atuava, pois era atacante do Nápoli, clube italiano.
Tendo início a partida, logo de cara, aos 2 minutos, a Argentina chega ao ataque para testar Tomas N´Kono, que viria ser o primeiro goleiro africano a ficar entre os melhores jogadores daquela temporada. A velocidade dos camaroneses surpreendeu os argentinos, ainda mais aos 10 minutos, quando Pumpido precisou salvar a finalização de Makanaky. O domínio argentino era evidente, mas os contra-ataques camaroneses sempre assustavam o goleiro Pumpido.
A torcida camaronesa fazia muita festa em San Siro vendo, no segundo tempo, as posições se inverterem. Camarões se lançou ao ataque de forma inconseqüente, sofrendo com os contragolpes argentinos. O juiz francês prejudicou Camarões ao expulsar Kanã Biyik, de forma injusta, quando Caniggia caiu sozinho numa das investidas de perigo da Argentina.

Isso não diminuiu o ímpeto camaronês, que continuou jogando da mesma forma até que as 22 minutos, Omam-Biyik ganhou de cabeça da zaga porteña, após uma cobrança de falta, e cabeceou fraco para o frango do goleiro Pumpido. A bola passou por baixo das mãos do arqueiro e deu iniciou a uma das maiores zebras da história das copas.
Para a surpresa geral Camarões continuou se lançando ao ataque, sem retranca ou futebol defensivo. A Argentina aproveitou-se disso para puxar os contra-ataques e levar perigo. Caniggia ainda tiraria mais um de campo, pois Massing e foi expulso após falta violenta no argentino. Mesmo em vantagem numérica, os argentinos não reverteram o placar e sofreram o inesperado revés na estréia.

A banca dos campeões do mundo não durou muito e quase se complicaram. Se classificaram em 3º lugar no grupo B, após empate contra a Romênia e vitória contra a União Soviética. Depois se recuperariam, venceriam o Brasil e iriam para a final.
Já Camarões assumiu o papel de zebra e avançou até as quartas de final, onde seriam eliminados na prorrogação pelos ingleses, graças a um futebol ofensivo e inconseqüente.
Mas graças a essa zebra, os “Leões indomáveis” cresceram, e Camarões se tornou uma das maiores forças do futebol africano e ganhando destaque internacional.

Fotos: blogdopepino.zip.net (San Siro)
www.zerozero.pt (comemoração do gol)
www.sorryperiferia.blogger.com.br (lance do gol)

ARGENTINA 0 x 1 CAMARÕES
Argentina: Pumpido, Simon, Ruggeri (Caniggia), Fabbri; Sensini (Calderón), Lorenzo, Batista, Burruchaga; Basualdo, Maradona, Balbo. Técnico: Carlos Billardo
Camarões: N´Kono, Ebwelle, Massing, Kunde e N´Dip; Tataw, M´Bouh, Kana-Biyik e Makanaky (Milla); M´Fede (Libiih) e Omam-Biyik. Técnico: Nepomnyashchiy
Gol: Omam Biyik, aos 22 do 2º tempo.
Cartões amarelos: Sensini (Argentina); Massing, N´Dip e M´Bouh (Camarões)
Cartões vermelhos: Kana Biyik e Massing (Camarões)
Estádio: Giuseppe Meazza (San Siro), em Milão (ITA)
Data: 08/06/1990.
Árbitro: Michel Vautrot (FRA) Auxiliares: Michal Listkiewicz (POL) e Vincent Mauro (EUA)
Público: 73.860 pagantes

Vejam o vídeo sobre aquela surpresa na abertura da copa de 90:

quarta-feira, 22 de julho de 2009

O time do senador


Aquela noite no Mineirão não era muito atrativa para os fanáticos por futebol. Afinal de contas, não havia muito que se esperar de um partida entre o Galo e o até então desconhecido Brasiliense.
O time de Taguatinga, cidade satélite de Brasília, possuía uma curta história de dois anos de fundação e surgiu de forma meteórica na Copa do Brasil. Já era considerado uma zebra, pois havia eliminado o Fluminense com duas vitórias. Mas não havia apresentado um futebol que metesse medo em alguém.
O Atlético, que fazia sua melhor participação em Copas do Brasil (igualando a de 2000 quando também foi semifinalista), via a grande chance de chegar pela primeira vez a decisão. O time passou com dificuldades por Sport, Inter e Bahia e chegou à semifinal contra um desconhecido time de Brasília, que na época nem tinha se classificado para disputar a Série C do Brasileirão.
O Mineirão recebeu um bom público naquela noite. Mais de 20 mil atleticanos foram a campo na certeza de ver o time chegar pela primeira vez à final do torneio. Mas quando a bola rolou, a história foi diferente. O Brasiliense jogou um futebol simples e eficiente, anulando o time atleticano. Pareciam haver muito mais jogadores de amarelo em campo. Ainda no primeiro, Gil Baiano cobrou uma falta com perfeição e abriu o placar para o Brasiliense. O Atlético perder o rumo e apresentou todo o seu descontrole.

O principal destaque daquela competição, o atacante Welllington Dias desfilou em campo, armando jogadas e puxando os contra-ataques de seu time. A torcida não acreditou quando viu Weldon e o endiabrado Welllington Dias ampliarem o placar no segundo tempo. Muitos não quiseram nem terminar de ver a partida.
O Galo amargava um de seus maiores vexames no Mineirão. Chegaria até a fazer uma boa partida no jogo de volta em Taguatinga, mas perderia por 2x1 e sairia de forma surpreendente da Copa do Brasil.
Já o Brasiliense, time do senador Luis Estevão, (isso mesmo, ele era fundador, sócio e presidente do clube) se tornava o clube mais jovem a disputar a final da Copa do Brasil, onde perderia o título para o Corinthians, após ser vergonhosamente garfado pela arbitragem.
Porém o time pago pelo dinheiro púb... quer dizer, pelas empresas do senador, escreveu seu nome na história do futebol brasileiro. E na do Galo.


ATLÉTICO/MG 0 x 3 BRASILIENSE
Atlético/MG: Milagres, Gutiérrez (Baiano), Marcelo Djian e Edgar; Bruno (Paulinho), Mancini, Bosco, Gilberto Silva e Rubens Júnior,Wellington Amorim (Éwerton), Guilherme. Técnico: Levir Culpi.
Brasiliense: Donizeti, Carioca, Aldo, Thiago e Emérson Ávila; Evandro, Moisés, Gil Baiano (Maurício) e Wellington Dias; Auecione (Cris) e Jackson (Weldon). Técnico: Péricles Chamusca.
Gols: Gil Baiano, aos 30 do 1º tempo; Weldon, aos 35 , e Wellington Dias aos 46 do 2º tempo.
Cartões Amarelos: Baiano e Guilherme (Atlético/MG).
Estádio: Mineirão, em Belo Horizonte (MG) Data: 24/04/2002.
Árbitro: Paulo César de Oliveira (SP) Auxiliares:
Público: 22.269 pagantes