sábado, 22 de agosto de 2009

Ainda bem que quase ninguém lembra disso

Esse é um dos grande vexames que o Cruzeiro proporcionou na sua história recente. Eu não tinha nada que ficar lembrando, mas como resolvi falar de zebras, essa não podia ficar de fora.

Aconteceu no dia 17 de Agosto de 1997, no Mineirão. O Cruzeiro que recentemente havia conquistado a Taça Libertadores, estava com a cabeça no Mundial Interclubes e se esqueceu do Brasileirão, onde fez uma campanha ridícula. Conquistou apenas seis vitórias ficando à frente apenas de Bragantino, Guarani, Bahia, Criciúma, Fluminense e do lanterna, União São João de Araras. A propósito, esse lanterna foi o responsável pelo vexame de que trato neste post.
O fraquíssimo União São João de Araras só conseguiu vencer duas partidas na competição, sendo que uma delas foi justamente contra o Cruzeiro, campeão continental, dentro do Mineirão, numa noite em que nem o mais otimista de Araras apostaria numa vitória do União.
Àquela altura da competição o União só havia conquistado uma vitória e o Cruzeiro que fazia uma campanha ruim, ainda comemorando o recente título continental, via nesse jogo uma chance de recuperação na tabela. Essa recuperação era apoiada na empolgação da rodada anterior, quando o timr celeste havia goleado o Paraná por 4x0 no MIneirão. O time de Araras vinha se uma surra por 6x0 para o Vasco (leia-se Edmundo).

Quando o jogo começou na noite daquela quarta-feira os poucos corajosos que foram aos estádio viram um Cruzeiro apático, que não demonstrava vontade alguma de jogar, como se esperassem que a vitória chegasse a qualquer momento. O time de Araras visivelmente interessado em se defender, acabou por gostar do jogo e partir para o ataque. Numas dessas saidas esporádicas o time do União achou seu gol, com o meia Lisandro. Inoperante, o time do Cruzeiro não conseguiu reagir e mesmo com as substituições do técnico Nelsinho Batista o time não melhorou.
O apito final do árbitro deu fim a um jogo feio, onde a zebra de Araras, comandada por Geninho, se fez presente.
Aquele time, que foi campeão da Libertadores terminaria o campeonato a apenas 3 pontos da zona de rebaixamento, numa ridícula vigésima colocação. O time do União não venceu mais ninguém e terminou na lanterna.
As justificativas da péssima campanha eram que o time estaria focado no Mundial, título que não veio. Se não fosse a Libertadores o ano estaria perdido.
Esse jogo pífio felizmente passa longe da memória da maioria dos torcedores.

FOTO: www.dape.com.br/araras/images
www.cruzeiro.com.br (as duas fotos não são referentes ao dia da partida)

CRUZEIRO 0 x 1 UNIÃO SÃO JOÃO
Cruzeiro: Dida, Vítor(Marcos Teixeira), Gelson Baresi, Wilson Gottardo e Nonato; Fabinho, Donizete Oliveira (Donizete Amorim), Cleisson e Elivélton; Marcelo Ramos e Da Silva (Alex Mineiro). Técnico: Nelsinho Batista.
União São João: Adnam, Ivonaldo, Maxsandro, Augusto e Léo; Ricardo Lima (Valdo), Keler, Odair e Lisandro; Itamar (Márcio Neri) e Fabinho Fontes (Leonardo Oliveira). Técnico: Geninho
Gol: Lisandro.
Cartões amarelos:
Estádio: Mineirão, em Belo Horizonte (MG)
Data: 17/09/1997.
Árbitro: Jamir Cássios Garces
Auxiliares:
Público: 3.839 pagantes.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Uma trombada para a história



Nem só de zebras africanas vivem as Olímpiadas. Atlanta, em 1996, sediou a edição que comemorava os cem anos das Olímpiadas da era moderna e algumas das maiores zebras da história. E "trem ficou feio" logo de cara.
A franca favorita a disputar o ouro, a seleção brasileira, tinha um time dos sonhos. Campeã do Pré-Olímpico da Argentina invícta, chegou para o torneio reforçada, contanto com craques como Dida, Aldair, Roberto Carlos, Rivaldo, Bebeto e Ronaldo. Talvez apenas a Argentina pudesse fazer frente a essa equipe.
O espírito olímpico nunca esteve muito presente no torneio de futebol e passou longe da seleção do técnico Zagallo, que encarou a competição com banca de estrela, recheada de arrogancia.
A justificativa que muitos davam era o fato da seleção ter batido na trave duas vezes em 1984 e 1988 e ser eliminado vergonhosamente do Pré-Olímpico de 1992 após um empate com a Venezuela. Esses fatores fizeram da medalha de ouro uma obsessão.
Esse supertime er parte de um grande projeto olímpico, que se aproveitava das novas regras do COI, que permitiam que se chamasse três jogadores acima de 23 anos para os jogos.
Na estréia, o técnico Zagallo se mostrava extremamente confiante e ufanista, pois a fraca seleção japonesa não impunha medo a ninguém. Mas dava trabalho. Numa incrével retranca, o time japones segurou a pressão brasileira no primeiro tempo. Contra um time fraco e visivelmente preocupado com a defesa, o Brasil perdia muitas chances.
O goleiro Kawaguchi fazia inumeras defesas, enquanto a bola mal chegava ao gol de Dida. Entretanto quando foi...

Todos esperavam pelo gol brasileiro, que sairia mais cedo ou mais tarde, mas o que niguém imagina aconteceu. Eram quase trinta minutos do segundo tempo, com uma pressão incrível do Brasil quando numa saída de contra-ataque japones foi feito um lançamento torto e despretencioso, da intermediária para o meio da área, algo compretamente inofensivo. Aldair recuou para fazer o corte e Dida saiu do gol para cortar o cruzamento. Num lance medonho, que ultrapassou as barreiras do ridículo, Dida voou atabalhoadamente sobre Aldair. Os dois se chocaram bisonhamente e a bola sobou limpa para o japones Ito, que mal acradetou que só precisava empurrar a bola para o gol vazio. O Brasil estava perdendo para o Japão.
Pasmos os jogadores brasileiros entraram em pânico e partiram pro ataque. Perderam sucessivas chances em bolas que paravam nas mãos de Kawaguchi, rebatiam na zaga ou batiam na trave.
Quanto o árbitro mexicano apitou o fim da partida, os jogadores japoneses não cabiam em si de alegria, enquanto a vergonha tomou conta da seleção de Zagallo. Logo na estréia toda a banca de favorita da seleção canarinho caiu por terra. Não seria tão fácil vencer o torneio Olímpico como parecia. Mesmo assim a arrogancia de Zagallo continuava e a dificuldade de assumir que talvez o fato de ser o Brasil não fosse suficiente para vencer as partidas. Tradição e camisa não fazem tanta diferença nos Jogos Olímpicos.

Fotos: www.blogdoabdul.zip.net

BRASIL 0 x 1 JAPÃO
Brasil: Dida; Zé Maria, Ronaldo Guiaro, Aldair e Roberto Carlos; Amaral (Zé Elias), Flávio Conceição, Rivaldo e Juninho Paulista; Bebeto e Sávio (Ronaldo). Técnico: Zagallo
Camarões: Kawaguchi, Tanaka, Endo (Shirai), Matsuda, Suzuki, Michiki, Ito, Hattori, Maezono, Nakata (Uemura), Jo (Matsubara). Técnico: Akira Nishino
Gol: Ito, aos 27 do 2º tempo.
Estádio: Orange Bowl , em Miami (EUA)
Data: 21/07/1996.
Árbitro: Benito Archundia (MÉX) Auxiliares: Peter Kelly (TRI) e Mohamed Osman (SUD)
Público: 46724 pagantes

terça-feira, 4 de agosto de 2009

2004: O ANO DA ZEBRA NO HORÓSCOPO FUTEBOLÍSTICO - CRAC na cabeça!

Se você visitar o site do CRAC, time da cidade de Catalão,em Goiás, vai encontrar a descrição deste resultado como sendo fruto de determinação, planejamento e organização, num trabalho bem feito pela diretoria, comissão técnica e jogadores. Pode até ter sido isso mesmo, mas para mim não passou de mais uma zebra, que colaborou para que o ano de 2004 fosse “O ano da zebra no horóscopo futebolístico”.

O time do CRAC, Clube Recreativo Atlético Catalano, conquistou em 2004, seu segundo título do campeonato goiano, igualando seu feito de 1967. Muitos acreditavam que seria impossível, principalmente pela presença de duas fortes equipes, como eram o Goiás e o Vila Nova. Como agravante o time retornava a primeira divisão goiana naquela temporada.

A equipe da cidade de Catalão possuía jogadores de vários cantos do Brasil, que formaram um grupo homogêneo, que fez uma campanha boa na primeira fase, com 11 vitórias, 2 empates e 4 derrotas, o que o credencio para disputar a semifinal contra o Goiás. Vale lembrar que no ano anterior, o Goiás havia chegado as semifinais da Copa do Brasil, ganhado o estadual e realizado uma brilhante arrancada no Brasileirão, partindo da lanterna para o 9º lugar.
O Leão do Sul, como é conhecido o craque, não tomou conhecimento e encarou de igual para igual o time da capital. Na primeira partida, em Catalão, o CRAC venceu por 3x0, e na partida em Goiânia, o jogo terminou 2x0 para o Goiás. Como o saldo de gols não valia como desempate, a partida seria disputada nas penalidades. O arqueiro do CRAC, Helder fechou o gol e garantiu a vitória por 4x2.
Na decisão, o CRAC foi derrotado na primeira partida, no Serra Dourada, por 2x1, mas mesmo assim não se abateu. Apesar de tudo apontar para o título da Vila Nova, o que espantaria a zebra, o CRAC ainda se apega a força da sua torcida, uma vez que a decisão seria em Catalão.

O estádio estava lotado e a partida foi emocionante. Tendo a torcida como o 12° jogador, o CRAC esqueceu o favoritismo do Vila e venceu com superioridade absoluta, por 3x0. O Vila Nova ainda perdeu seu zagueiro Willians expulso, complicando mais na decisão. O time de Catalão dominou o jogo e com os gols de Sandro Oliveira, Celinho e Guarú, levou a partida para a disputa de pênaltis. Mais uma vez o time venceu, dessa vez por 5x4, garantindo o ressurgimento da equipe, que conquistava o título depois de 37 anos, no ano em que retornava da segundona estadual. Catalão ficou em festa.
Mais uma zebra ganhou forma, mas por merecimento, pois o CRAC foi reestruturado para ser uma zebra competitiva e surpreender os grandes da capital.

FOTOS: www.cracnet.com.br (atentem para a correção gramatical da faixa que os jogadores levam na foto do título)

CRAC 3 x 0 VILA NOVA
Penaltis: CRAC 5x4 VILA NOVA
CRAC: Helder, Baiano, Cristiano, Cleiton Mineiro e Marcinho (Cleiton Goiano); Pedrinho, Celinho, Cacá e Guarú; Sandro Oliveira e Sandro Goiano. Técnico: Wanderley Paiva.
Vila Nova: Kiko, Bosco, Willians, Higor (Jacques) e Michael; Fábio Bahia, Heleno, Evandro e Robson (Luciano); Wando e Mendes. Técnico: Evair.
Gols: Sandro Oliveira, aos 55 segundos do 1° tempo, Celinho, aos 7, e Guarú, aos 40 minutos do 2° tempo.
Cartões amarelos: Helder, Cacá, Cleiton e
Sandro Goiano (CRAC) e Bosco (Vila Nova)
Cartão vermelho: Willians (Vila Nova).
Estádio: Estádio Genervino da Fonseca, em Catalão(GO).
Data: 18/04/2004.
Árbitro: Cleiber Elias (GO) Auxiliares: Gesmar Miranda (GO) e José Bonfim (GO).
Público: 12.000 pagantes.

sábado, 1 de agosto de 2009

Kaburé?

A Copa do Brasil é, sem sombra de dúvida, o lugar certo para se procurar uma zebra (assim como todas as outras copas nacionais). A Copa do Brasil de 1994 foi recheada delas, mas vou me conter nesta. Pelo menos por enquanto.
Essa história poderia passar incógnita para muitos, mas não passou. Para os mineiros, devido ao vexame de um de seus mais tradicionais times e, para o resto do Brasil, por conhecer pela primeira vez uma classificação de um time tocantinense, a nível nacional.

Esse confronto ocorreu pela primeira fase da Copa do Brasil, do ano de 2004, reunindo o atual campeão mineiro, o América, e o campeão da Copa Tocantins (equivalente ao Estadual), o Kaburé.
O tradicional América, de Belo Horizonte, disputava a sua segunda Copa do Brasil. No ano anterior, entrou na competição como vice-campeão mineiro e saiu na primeira fase, eliminado pelo Vitória da Bahia. Naquela edição, entrava como campeão mineiro de 1993, com todo o favoritismo do mundo, contra o desconhecido Kaburé.
O Kaburé Esporte Clube é de Colinas, no Tocantins e foi fundado 1985, mas só se profissionalizou no inicio da década de 90. Aquela, além de ser sua primeira participação em torneios nacionais, era a primeira vez que o estado de Tocantins tinha um representante na Copa do Brasil.
A incógnita começou a se desfazer no dia 08 de março, na cidade de Colinas, onde foi realizado o jogo de ida. O estádio Bigodão estava lotado para assistir a primeira participação de um time do estado de Tocantins na Copa do Brasil. E acabou vendo mais do que esperava.
Num jogo atípico, onde o América encontrou muitas dificuldades para desenvolver seu futebol, o Kaburé fez valer o mando de campo e a força da torcida, surpreendendo a todos com uma vitória por 2x0, com gols de Fábio Canela e Pedrinho. Os jogadores ao sair de campo pareciam não acreditar no resultado, mas nenhum dos atletas do América duvidava de que no jogo de volta, no Independência, em BH, o time reverteria a situação.

No dia 17 daquele mesmo mês, o Independência foi palco de uma das maiores zebras da história da competição. O time do Kaburé, que a poucos anos ainda era amador e que vivia sua primeira experiência a nível nacional, conseguiu surpreendentemente segurar o ímpeto do time do América, perdendo por apenas 1x0. O gol solo de Hamilton não foi capaz de garantir a classificação da equipe do técnico Formiga, que foi eliminada precocemente da competição.
A zebra Kaburé se classificou para a segunda fase, onde foi eliminada sem dificuldades pelo Comercial/MS, que a derrotou nas duas partidas por 2x0. Essa, guardada as devidas proporções, foi a maior glória do time Tocantinense, que participaria por outras duas vezes da competição, sendo eliminado sem dificuldades pelo Flamengo, em 1995, e pela Portuguesa, em 1997.
Já ao América, restou uma zebra histórica e um vexame jamais esquecido por sua torcida.

KABURÉ-TO 2 x 0 AMÉRICA-MG
Kaburé: Sérgio; Estevam, Luís Carlos Marins, Lelei e Ronaldo Padeiro; Cleilson, Fábio Canela, Pedrinho (Dias) e Lino; Gilberto e Paulo Henrique (Iran). Técnico: Iduval Pontes.
América-MG: Milagres; Ronaldo Padeiro, Fagundes (Andrey), Lelei, e Luís Carlos Marins; Taú, Gutemberg e Flávio; Marcinho (Carlinhos), Hamilton e Róbson. Técnico: Chico Formiga.
Gols: Pedrinho e Fábio Canela.
Cartões amarelos: Gutemberg, Ronaldo Padeiro e Carlinhos (América-MG).
Cartão vermelho: Flávio (América-MG)
Estádio: Bigodão, em Colinas (TO)
Data: 08/03/1994.
Árbitro: Auxiliares:
Público: