Eu iniciei o dia 04 de maio de 2011 escrevendo um post sobre o Once Caldas, referente ao título da Libertadores de 2004. Um título absurdo onde uma equipe frágil e excessivamente defensiva derrubou os favoritos São Paulo e Boca Jrs. e venceu a competição mais importante do continente. Provavelmente isso não vai acontecer novamente, mas na noite daquele mesmo dia, o Once Caldas surpreendeu novamente e mudou o rumo dos meus post. Resolvi deixar para depois a zebra de 2004 e ressaltar neste post a noite em que fui a Arena do Jacaré e vivenciei uma noite das mais surpreendentes desde que passei a acompanhar o futebol. Foi tão surpreendete que só agora consegui organizar minhas idéias e colocar neste post, que de imparcial não tem nada.
Era uma noite de quarta feira como qualquer outra, com jogos da Taça Libertadores e da Copa do Brasil. Como de costume fui a Arena do Jacaré para ver a partida do Cruzeiro pela competição sulamericana, contra o Once Caldas, da Colômbia. Assim como todos os que compareceram, estava crente da vitória. A primeira partida, em Manizales, foi 2x1 para a raposa, endosando a clara superioridade do time mineiro, franco favorito ao título. Já o Once Caldas não tinha patrocinador, estava em crise e só havia vencido uma partida na competição, justamente na última rodada da primeira fase, que lhe valeu a vaga.
A caminho do estádio e nos momento preliminares à partida, estavamos compenetrados em secar os adversários, o que vinha dando certo. Nem nos preocupávamos com um time que ia entrar em campo com Ortigoza e Ernesto Farias no ataque, substituindo a dupla de artilheiros Thiago Ribeiro e Wallyson, que contribuiram para a média de cinco gols por jogo em casa durante a primeira fase.
No decorrer da partida nos deparamos com uma situação inesperada. O Once Caldas dominou o primeiro tempo e perdeu chances claras de gol com Rentería aos 7 (ótima defesa de Fábio), aos 16 (chutando sobre o travessão) e aos 34 (chutando no travessão), enquanto o Cruzeiro só teve ums chance clara com Ortigoza, que perdeu um gol aos 45 do 1º tempo. O Cruzeiro, apático e sem articulação, ainda foi prejudicado pela expulsão de Roger, que em três faltas imbecis conseguiu levar dois amarelos e arrumar uma expulsão prematura, tudo isso aos 30 do 1º tempo. Mesmo com o primeiro tempo adverso ainda não passava pela cabeça de ninguém a eliminação. Muito pelo contrário, a expulsão de Roger estava sendo encarada como um desfalque para a partida contra o Santos nas quartas de final. O problema era que o Cruzeiro ainda não estava classificado.
O Cruzeiro voltou melhor para o segundo e perdeu um gol logo aos 7 minutos, com Ortigoza cabeceando para fora. Pouco tempo depois, aos 10 minutos o Once Caldas também perdeu um jogador expulso, quando Carbonero deu uma cotovelada em Henrique. Isso foi o suficiente para que a torcida inflamasse e o time partisse para cima dos colombianos.
Inacreditavelmente, aos 21 minutos o Once Caldas achou um gol numa cobrança de escanteio escanteio da direita, com Amaya, que subiu mais que todo mundo e cabeceou para o fundo do gol, sem chances para Fábio. Apesar do susto a torcida ainda acreditava que por mais absurdo que estivesse sendo aquilo, o Cruzeiro empataria e se classificaria. Pois foi com esse pensamento que a torcida viu os pouco menos de 50 torcedores colombianos comemorarem o segundo gol, aos 26 minutos. Depois do rebote, a bola sobrou para Moreno que chegou batendo forte e calando a torcida. Sim aconteceu. O time que chegou como o "Barcelona das Américas" estava sendo eliminado pelo inacreditável Once Caldas. O desespero tomou conta e só passou aos 37 minutos, quando Gilberto marcou um golaço, que classificaria o Cruzeiro. Classificaria. Ainda estava comemorando o gol quando alguém me avisou que o gol havia sido anulado. Definitivamente. Não era o dia do Cruzeiro. Pior do saber que não foi impedimento foi saber que o Cruzeiro, o time que vinha dando show estava perdendo para o até então horrível Once Caldas. Depois de uma presepada da defesa, Micolta quase marcou o terceiro. Era vergonhoso, indignante e ridículo. A torcida que só comemorou os gols do Libertad e do Peñarol voltou para casa perdida e sem entender o desastre que ocorreu.
O Cruzeiro deu seu maior vexame na história da Libertadores e foi eliminado por uma equipe muito inferior. Na minha opinião, a derrota pode ir pra conta de Pablo e Cuca. O lateral que vinha de ótimas exibições falhou nos dois gols e teve uma partida pífia. Cuca que antes da partida comemorava o fato do time não ter expulsões, além de não conseguir refazer o time desestruturado e entregue aos esquema 4-2-3-1 do Once Caldas, ainda agrediu bizarramente o atacante Rentería. Diante do mesmo Once Caldas que havia eliminado o seu São Paulo em 2004, Cuca saiu da Libertadores pela porta dos fundos.
O Once Caldas foi destaque no mundo todo pela vitória inacreditável e ainda fomentou uma série de piadas nas redes sociais naquela fatídica noite, onde quatro dos cinco brasileiros foram eliminados da competição mais importante das Américas. O time da Colômbia ainda tentou aprontar contra o Santos, mas não deu. Mesmo conseguindo empatar por 1x1 no Pacaembu, a derrota em casa por 1x0 no jogo de ida eliminou a zebra de Manizales.
Definitivamente prefiro não tentar entender o que aconteceu, pois afinal de contas essa é a graça do futebol. Mas que foi a derrota mais impressionante que já vi o Cruzeiro sofrer, isso foi.
FOTOS: diarioceleste.blogspot.com
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Cruzeiro 0 x 2 Once Caldas
Cruzeiro: Fábio, Pablo, Victorino, Gil, Gilberto, Marquinhos Paraná, Henrique (André Dias), Montillo, Roger, Farías (Everton), Ortigoza (Dudu). Técnico: Cuca.
Once Caldas: Martínez, Calle, Amaya, Henríquez, Núñez, Mejía, Hárrison Henao (Pajoy), Mirabaje (Cuero), Carbonero, Dayro Moreno (Micolta), Rentería. Técnico: Juan Carlos Osório.
Gols: Amaya aos 21 e Dayro Moreno aos 26 do 2º tempo
Cartões amarelos: Farías, Roger e Gil (CRU), Henríquez e Rentería (ONC).
Cartões vermelhos: Roger (CRU) e Carbonero (ONC).
Estádio: Arena do Jacaré, em Sete Lagoas (BRA).
Data: 04/04/2011.
Árbitro: Antonio Arias (PAR) Auxiliares: Nicolas Yegros (PAR) e Dario Gaona (PAR).
Público: 14.972 pagantes.