Eu iniciei o dia 04 de maio de 2011 escrevendo um post sobre o Once Caldas, referente ao título da Libertadores de 2004. Um título absurdo onde uma equipe frágil e excessivamente defensiva derrubou os favoritos São Paulo e Boca Jrs. e venceu a competição mais importante do continente. Provavelmente isso não vai acontecer novamente, mas na noite daquele mesmo dia, o Once Caldas surpreendeu novamente e mudou o rumo dos meus post. Resolvi deixar para depois a zebra de 2004 e ressaltar neste post a noite em que fui a Arena do Jacaré e vivenciei uma noite das mais surpreendentes desde que passei a acompanhar o futebol. Foi tão surpreendete que só agora consegui organizar minhas idéias e colocar neste post, que de imparcial não tem nada.
Era uma noite de quarta feira como qualquer outra, com jogos da Taça Libertadores e da Copa do Brasil. Como de costume fui a Arena do Jacaré para ver a partida do Cruzeiro pela competição sulamericana, contra o Once Caldas, da Colômbia. Assim como todos os que compareceram, estava crente da vitória. A primeira partida, em Manizales, foi 2x1 para a raposa, endosando a clara superioridade do time mineiro, franco favorito ao título. Já o Once Caldas não tinha patrocinador, estava em crise e só havia vencido uma partida na competição, justamente na última rodada da primeira fase, que lhe valeu a vaga.
A caminho do estádio e nos momento preliminares à partida, estavamos compenetrados em secar os adversários, o que vinha dando certo. Nem nos preocupávamos com um time que ia entrar em campo com Ortigoza e Ernesto Farias no ataque, substituindo a dupla de artilheiros Thiago Ribeiro e Wallyson, que contribuiram para a média de cinco gols por jogo em casa durante a primeira fase.
No decorrer da partida nos deparamos com uma situação inesperada. O Once Caldas dominou o primeiro tempo e perdeu chances claras de gol com Rentería aos 7 (ótima defesa de Fábio), aos 16 (chutando sobre o travessão) e aos 34 (chutando no travessão), enquanto o Cruzeiro só teve ums chance clara com Ortigoza, que perdeu um gol aos 45 do 1º tempo. O Cruzeiro, apático e sem articulação, ainda foi prejudicado pela expulsão de Roger, que em três faltas imbecis conseguiu levar dois amarelos e arrumar uma expulsão prematura, tudo isso aos 30 do 1º tempo. Mesmo com o primeiro tempo adverso ainda não passava pela cabeça de ninguém a eliminação. Muito pelo contrário, a expulsão de Roger estava sendo encarada como um desfalque para a partida contra o Santos nas quartas de final. O problema era que o Cruzeiro ainda não estava classificado.
O Cruzeiro voltou melhor para o segundo e perdeu um gol logo aos 7 minutos, com Ortigoza cabeceando para fora. Pouco tempo depois, aos 10 minutos o Once Caldas também perdeu um jogador expulso, quando Carbonero deu uma cotovelada em Henrique. Isso foi o suficiente para que a torcida inflamasse e o time partisse para cima dos colombianos.
Inacreditavelmente, aos 21 minutos o Once Caldas achou um gol numa cobrança de escanteio escanteio da direita, com Amaya, que subiu mais que todo mundo e cabeceou para o fundo do gol, sem chances para Fábio. Apesar do susto a torcida ainda acreditava que por mais absurdo que estivesse sendo aquilo, o Cruzeiro empataria e se classificaria. Pois foi com esse pensamento que a torcida viu os pouco menos de 50 torcedores colombianos comemorarem o segundo gol, aos 26 minutos. Depois do rebote, a bola sobrou para Moreno que chegou batendo forte e calando a torcida. Sim aconteceu. O time que chegou como o "Barcelona das Américas" estava sendo eliminado pelo inacreditável Once Caldas. O desespero tomou conta e só passou aos 37 minutos, quando Gilberto marcou um golaço, que classificaria o Cruzeiro. Classificaria. Ainda estava comemorando o gol quando alguém me avisou que o gol havia sido anulado. Definitivamente. Não era o dia do Cruzeiro. Pior do saber que não foi impedimento foi saber que o Cruzeiro, o time que vinha dando show estava perdendo para o até então horrível Once Caldas. Depois de uma presepada da defesa, Micolta quase marcou o terceiro. Era vergonhoso, indignante e ridículo. A torcida que só comemorou os gols do Libertad e do Peñarol voltou para casa perdida e sem entender o desastre que ocorreu.
O Cruzeiro deu seu maior vexame na história da Libertadores e foi eliminado por uma equipe muito inferior. Na minha opinião, a derrota pode ir pra conta de Pablo e Cuca. O lateral que vinha de ótimas exibições falhou nos dois gols e teve uma partida pífia. Cuca que antes da partida comemorava o fato do time não ter expulsões, além de não conseguir refazer o time desestruturado e entregue aos esquema 4-2-3-1 do Once Caldas, ainda agrediu bizarramente o atacante Rentería. Diante do mesmo Once Caldas que havia eliminado o seu São Paulo em 2004, Cuca saiu da Libertadores pela porta dos fundos.
O Once Caldas foi destaque no mundo todo pela vitória inacreditável e ainda fomentou uma série de piadas nas redes sociais naquela fatídica noite, onde quatro dos cinco brasileiros foram eliminados da competição mais importante das Américas. O time da Colômbia ainda tentou aprontar contra o Santos, mas não deu. Mesmo conseguindo empatar por 1x1 no Pacaembu, a derrota em casa por 1x0 no jogo de ida eliminou a zebra de Manizales.
Definitivamente prefiro não tentar entender o que aconteceu, pois afinal de contas essa é a graça do futebol. Mas que foi a derrota mais impressionante que já vi o Cruzeiro sofrer, isso foi.
FOTOS: diarioceleste.blogspot.com
futebolfalando.blogspot.com
lancenet.com.br
futebolasticos.blogspot.com
Cruzeiro 0 x 2 Once Caldas
Cruzeiro: Fábio, Pablo, Victorino, Gil, Gilberto, Marquinhos Paraná, Henrique (André Dias), Montillo, Roger, Farías (Everton), Ortigoza (Dudu). Técnico: Cuca.
Once Caldas: Martínez, Calle, Amaya, Henríquez, Núñez, Mejía, Hárrison Henao (Pajoy), Mirabaje (Cuero), Carbonero, Dayro Moreno (Micolta), Rentería. Técnico: Juan Carlos Osório.
Gols: Amaya aos 21 e Dayro Moreno aos 26 do 2º tempo
Cartões amarelos: Farías, Roger e Gil (CRU), Henríquez e Rentería (ONC).
Cartões vermelhos: Roger (CRU) e Carbonero (ONC).
Estádio: Arena do Jacaré, em Sete Lagoas (BRA).
Data: 04/04/2011.
Árbitro: Antonio Arias (PAR) Auxiliares: Nicolas Yegros (PAR) e Dario Gaona (PAR).
Público: 14.972 pagantes.
sábado, 28 de maio de 2011
domingo, 17 de abril de 2011
A zebra da loteria esportiva
Em 1981, um resultado inacreditável derrubou as apostas da loteria esportiva no Brasil inteiro. A zebra foi tão impressionante que deve ter surpreendido até a zebrinha do Fantástico, que anunciava os 13 resultados da loteria esportiva no programa Global, entre os anos 70 e 80. Esse é o tipo do jogo que nem o próprio torcedor do Brasília teria coragem de apostar em uma vitória do colorado candango.
Para entender melhor essa zebra que entrou pra história, devemos compreender a situação das duas equipes naquele grupo B da Taça de Ouro da Copa Brasil - equivalente a uma das fases do Brasileirão de 1981. Parecia que o Grêmio venceria com enorme facilidade, pois fazia 14 jogos que o tricolor, atual campeão gaúcho, não perdia no Olímpico. O Brasília, que tinha no uniforme as cores do rival gremista, chegou com uma campanha ruim e sem nenhuma expressão nacional, tendo apenas seis anos de existência. Além disso não tinha campo para treinar, os salários eram baixos e a infra-estrutura da equipe era precária.
Logo aos 40 segundos de partida, Tarcísio abriu o placar para os gaúchos. E devido ao domínio dos gremistas ninguém imaginava nada diferente de uma goleada dos gaúchos. A classificação gremista estava praticamente garantida, enquanto para o Brasília isso só aconteceria se a equipe do planalto central vencesse o Grêmio e o Goiás. Nem a própria torcida esperava isso, depois das várias derrotas na competição e do fato do time chegar desfalcado para o confronto em Porto Alegre.
Mesmo assim, com tudo e todos contra, em 3 minutos os atletas do Brasília fizeram um estrago inimaginnavel. No despretencioso chutão de Aluísio, aos 23, que surpreendeu Leão, começou o pesadelo gremista. Aos 25 Vander concretizou a virada absurda até então. O Grêmio ainda empatou o jogo aos 39, com um gol irregular de Dirceu, completamente impedido. Para os que acharam que a camisa do Grêmio pesaria na decisão do juiz, a atitude precisa do árbitro Iolandro Rodrigues ao anular o gol, foi o justo e derradeiro ponto final desse surpreende episódio do futebol brasileiro.
Essa vitória por 2x1 foi o maior feito da história do Brasília E. C. que quatro dias depois perdeu de 1x0 para o Goiás e foi eliminado do Brasileirão daquele ano. Essa vitória totalmente fora de órbita não atrapalhou o Grêmio, que seguiu em frente e foi campeão nacional de 1981. A proporção daquele espisódio pode ser melhor compreendida quando se vê as matérias do Correio Brasiliense sobre a partida.
O Brasília com o passar dos anos caiu no ostracismo e mergulhou numa crise administrativa, que nem o fato de ter se tornado o clube-empresa privado do Brasil, conseguiu amenisar. Maus resultados, prejuízos e dívidas levaram o time a interromper as atividades profissionais em 2005. Um ano depois o time ressurgiu das cinzas e com seis anos de luta saiu da terceira divisão do DF para a primeira divisão, sendo premiado com o vice campeonato estadual de 2009 e uma participação na série D do Campeonato Brasileiro e na Copa do Brasil.
A vitória que não valeu muita coisa para o Brasília no campeonato daquele ano, tornou-se inesquecível para sua torcida e para todos aqueles que marcaram coluna um naquele fatídico jogo da loteria esportiva.
FOTOS: globoesporte.com
Grêmio 1 x 2 Brasília
Grêmio: Leão, Dirceu, De Leon, Vantuir, Uchôa; China, Renato Sá (Vilson Tadei), Paulo Isidoro; Baltazar (Heber), Odair e Tarciso. Técnico: Ênio Andrade.
Brasília: Deo, Luisinho, Foca, Mario, Zé Mario (Ricardo); Alencar, Marco Antônio, Vander; Afonso, Aluísio (Paulinho) e Willian. Técnico: Alaor Capela.
Gols: Tarcísio aos 40seg; Aluísio aos 23 e Vander aos 25 do 2º tempo
Cartões amarelos: Deo (Brasília).
Estádio: Olímpico de Porto Alegre (RS).
Data: 15/02/1981.
Árbitro: Iolando Rodrigues (SC)
Para entender melhor essa zebra que entrou pra história, devemos compreender a situação das duas equipes naquele grupo B da Taça de Ouro da Copa Brasil - equivalente a uma das fases do Brasileirão de 1981. Parecia que o Grêmio venceria com enorme facilidade, pois fazia 14 jogos que o tricolor, atual campeão gaúcho, não perdia no Olímpico. O Brasília, que tinha no uniforme as cores do rival gremista, chegou com uma campanha ruim e sem nenhuma expressão nacional, tendo apenas seis anos de existência. Além disso não tinha campo para treinar, os salários eram baixos e a infra-estrutura da equipe era precária.
Logo aos 40 segundos de partida, Tarcísio abriu o placar para os gaúchos. E devido ao domínio dos gremistas ninguém imaginava nada diferente de uma goleada dos gaúchos. A classificação gremista estava praticamente garantida, enquanto para o Brasília isso só aconteceria se a equipe do planalto central vencesse o Grêmio e o Goiás. Nem a própria torcida esperava isso, depois das várias derrotas na competição e do fato do time chegar desfalcado para o confronto em Porto Alegre.
Mesmo assim, com tudo e todos contra, em 3 minutos os atletas do Brasília fizeram um estrago inimaginnavel. No despretencioso chutão de Aluísio, aos 23, que surpreendeu Leão, começou o pesadelo gremista. Aos 25 Vander concretizou a virada absurda até então. O Grêmio ainda empatou o jogo aos 39, com um gol irregular de Dirceu, completamente impedido. Para os que acharam que a camisa do Grêmio pesaria na decisão do juiz, a atitude precisa do árbitro Iolandro Rodrigues ao anular o gol, foi o justo e derradeiro ponto final desse surpreende episódio do futebol brasileiro.
Essa vitória por 2x1 foi o maior feito da história do Brasília E. C. que quatro dias depois perdeu de 1x0 para o Goiás e foi eliminado do Brasileirão daquele ano. Essa vitória totalmente fora de órbita não atrapalhou o Grêmio, que seguiu em frente e foi campeão nacional de 1981. A proporção daquele espisódio pode ser melhor compreendida quando se vê as matérias do Correio Brasiliense sobre a partida.
O Brasília com o passar dos anos caiu no ostracismo e mergulhou numa crise administrativa, que nem o fato de ter se tornado o clube-empresa privado do Brasil, conseguiu amenisar. Maus resultados, prejuízos e dívidas levaram o time a interromper as atividades profissionais em 2005. Um ano depois o time ressurgiu das cinzas e com seis anos de luta saiu da terceira divisão do DF para a primeira divisão, sendo premiado com o vice campeonato estadual de 2009 e uma participação na série D do Campeonato Brasileiro e na Copa do Brasil.
A vitória que não valeu muita coisa para o Brasília no campeonato daquele ano, tornou-se inesquecível para sua torcida e para todos aqueles que marcaram coluna um naquele fatídico jogo da loteria esportiva.
FOTOS: globoesporte.com
Grêmio 1 x 2 Brasília
Grêmio: Leão, Dirceu, De Leon, Vantuir, Uchôa; China, Renato Sá (Vilson Tadei), Paulo Isidoro; Baltazar (Heber), Odair e Tarciso. Técnico: Ênio Andrade.
Brasília: Deo, Luisinho, Foca, Mario, Zé Mario (Ricardo); Alencar, Marco Antônio, Vander; Afonso, Aluísio (Paulinho) e Willian. Técnico: Alaor Capela.
Gols: Tarcísio aos 40seg; Aluísio aos 23 e Vander aos 25 do 2º tempo
Cartões amarelos: Deo (Brasília).
Estádio: Olímpico de Porto Alegre (RS).
Data: 15/02/1981.
Árbitro: Iolando Rodrigues (SC)
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domingo, 13 de fevereiro de 2011
A tragédia de Ibagué
Grandes craques do futebol merecem despedidas a altura da carreira vitoriosa que tiveram. Infelizmente alguns acabam encerrando a carreira de forma melancólica. Este post conta a história do jogo que acelerou o fim da carreira de Ronaldo Fenômeno, depois de uma das maiores zebras brasileiras na Libertadores; e é dedicado a amiga Lalá Maciel, que cantou essa pedra antes mesmo do segundo jogo. É Ronaldo, praga de cruzeirense pega.
A cidade de Ibagué, capital da música colombiana, teve o privilégio inesperado de ser palco da última partida como profissional de um dos maiores jogadores da história do futebol. O fim da carreira de Ronaldo Fenômeno já era esperado, mas ninguém contava com o fato dele vir acompanhado de uma zebra tão descabida como essa, que derrubou o sonho obsessivo dos corintianos pela Libertadores.
Com o apito final do árbitro e a consumação do desastre, todas as fragilidades do favorito Corínthians ficaram expostas e sua torcida mergulhou no desespero de mais um fracasso, descambando até mesmo para a violência.
O jogo de ida no Pacaembu foi de um time só. O Corínthians pressionou o tempo todo e não conseguiu sair do 0 x 0 e ainda viu o Tolima ter chances claras de matar o jogo. Pelo regulamento da Pré-Libertadores, bastava um empate com gols em Ibagué. Era muito pouco, mas resolveria. Quando começou o jogo em Ibagué, apesar das chances do Tolima, o Timão ainda dominou o primeiro tempo e manteve esse domínio até os 20 minutos do segundo tempo, quando Santoya fez o que os corintianos pensavam sem impossível.
As razões para que uma classificação dada como fácil chegasse a esse ponto foram várias. Afinal, além de desfalques, como o de Roberto Carlos, o time do Parque São Jorge entrou desfigurado. Tite escalou o time com três atacantes, com Jorge Henrique improvisado de meia, mesmo tendo armadores como Bruno César, Danilo e Ramirez no banco. Mas isso não apagou a aplicação do fraco time do Tolima, que teve como seu principal articulador o volante Chara, que deu origem as principais chances de gol. Pelo lado do Corinthians, a principal investida foi um chute de Ronaldo que obrigou Silva a fazer grande defesa. O Tolima deitou e rolou na linha de impedimento de uma defesa desentrosada e chegou ao segundo gol com Medina, e sacramentou o fim do sonho alvinegro. Era o fim do sonho corintiano de coseguir vencer a Libertadores. E quem diria, eliminado para o Tolima, sem expressão alguma, com uma folha salarial que só o salário de Ronaldo pagaria, e que, mais tarde, seria surrado pelo Cruzeiro na fase de grupos por 6x1.
A eliminação desarticulou o time do Parque São Jorge, Roberto Carlos partiu para a Rússia, após uma proposta milionária e Ronaldo se aposentou. O fim apático de um dos maiores jogadores da história do futebol marcou o início do ano 2011. É verdade que o Fenômeno não era mais o mesmo, mas ainda assim merecia um fim de carreira mais honroso do que uma eliminação sumária como a de Ibagué.
Imagens: rodrigol12.blogspot.com
paixaomundialfutebol.blogspot.com
Deportes Tolima 2 x 0 Corínthians
Deportes Tolima: Antony Silva; Vallejo, Julián Hurtado, Arrechea e Noguera; Diego Chará, Bolivar, Murillo (Piedrahita) e Castillo (Santoya); John Hurtado e Medina (Closa). Técnico: Hernán Torres.
Corínthians: Júlio César; Alessandro, Chicão, Leandro Castán e Fábio Santos (Edno); Ralf, Jucilei e Paulinho (Ramírez); Jorge Henrique, Ronaldo e Dentinho (Danilo). Técnico: Tite.
Gols: Santoya aos 21 e Medina aos 32 do 2º tempo
Cartões amarelos: Julián Hurtado, Murillo e Diego Chará (Deportes Tolima); Jorge Henrique, Leandro Castán e Jucilei (Corinthians).
Cartão vermelho: Ramirez (Corínthians).
Estádio: Manuel Murillo Toro, em Ibagué (COL).
Data: 02/02/2011.
Árbitro: Roberto Silvera (URU) Auxiliares: Mauricio Espinosa (URU) e Carlos Changala (URU).
A cidade de Ibagué, capital da música colombiana, teve o privilégio inesperado de ser palco da última partida como profissional de um dos maiores jogadores da história do futebol. O fim da carreira de Ronaldo Fenômeno já era esperado, mas ninguém contava com o fato dele vir acompanhado de uma zebra tão descabida como essa, que derrubou o sonho obsessivo dos corintianos pela Libertadores.
Com o apito final do árbitro e a consumação do desastre, todas as fragilidades do favorito Corínthians ficaram expostas e sua torcida mergulhou no desespero de mais um fracasso, descambando até mesmo para a violência.
O jogo de ida no Pacaembu foi de um time só. O Corínthians pressionou o tempo todo e não conseguiu sair do 0 x 0 e ainda viu o Tolima ter chances claras de matar o jogo. Pelo regulamento da Pré-Libertadores, bastava um empate com gols em Ibagué. Era muito pouco, mas resolveria. Quando começou o jogo em Ibagué, apesar das chances do Tolima, o Timão ainda dominou o primeiro tempo e manteve esse domínio até os 20 minutos do segundo tempo, quando Santoya fez o que os corintianos pensavam sem impossível.
As razões para que uma classificação dada como fácil chegasse a esse ponto foram várias. Afinal, além de desfalques, como o de Roberto Carlos, o time do Parque São Jorge entrou desfigurado. Tite escalou o time com três atacantes, com Jorge Henrique improvisado de meia, mesmo tendo armadores como Bruno César, Danilo e Ramirez no banco. Mas isso não apagou a aplicação do fraco time do Tolima, que teve como seu principal articulador o volante Chara, que deu origem as principais chances de gol. Pelo lado do Corinthians, a principal investida foi um chute de Ronaldo que obrigou Silva a fazer grande defesa. O Tolima deitou e rolou na linha de impedimento de uma defesa desentrosada e chegou ao segundo gol com Medina, e sacramentou o fim do sonho alvinegro. Era o fim do sonho corintiano de coseguir vencer a Libertadores. E quem diria, eliminado para o Tolima, sem expressão alguma, com uma folha salarial que só o salário de Ronaldo pagaria, e que, mais tarde, seria surrado pelo Cruzeiro na fase de grupos por 6x1.
A eliminação desarticulou o time do Parque São Jorge, Roberto Carlos partiu para a Rússia, após uma proposta milionária e Ronaldo se aposentou. O fim apático de um dos maiores jogadores da história do futebol marcou o início do ano 2011. É verdade que o Fenômeno não era mais o mesmo, mas ainda assim merecia um fim de carreira mais honroso do que uma eliminação sumária como a de Ibagué.
Imagens: rodrigol12.blogspot.com
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Deportes Tolima 2 x 0 Corínthians
Deportes Tolima: Antony Silva; Vallejo, Julián Hurtado, Arrechea e Noguera; Diego Chará, Bolivar, Murillo (Piedrahita) e Castillo (Santoya); John Hurtado e Medina (Closa). Técnico: Hernán Torres.
Corínthians: Júlio César; Alessandro, Chicão, Leandro Castán e Fábio Santos (Edno); Ralf, Jucilei e Paulinho (Ramírez); Jorge Henrique, Ronaldo e Dentinho (Danilo). Técnico: Tite.
Gols: Santoya aos 21 e Medina aos 32 do 2º tempo
Cartões amarelos: Julián Hurtado, Murillo e Diego Chará (Deportes Tolima); Jorge Henrique, Leandro Castán e Jucilei (Corinthians).
Cartão vermelho: Ramirez (Corínthians).
Estádio: Manuel Murillo Toro, em Ibagué (COL).
Data: 02/02/2011.
Árbitro: Roberto Silvera (URU) Auxiliares: Mauricio Espinosa (URU) e Carlos Changala (URU).
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domingo, 9 de janeiro de 2011
Mazembe?!?!
Primeiramente quero me desculpar pelo longo hiato de um ano no blog. Vários fatores me impediram de continuar escrevendo, principalmente a falta de tempo. Mas retomo esse projeto em grande estilo.
Durante esse ano de 2010, nenhuma zebra foi tão grandiosa quanto a encerrou o ano. Pra ser preciso, acho que nunca esperariamos uma zebra justo na competição mais previsível do ano, o Mundial de Clubes, onde o mais evidente é a final entre o campeão europeu e o sulamericano. Bom, pra alegria do quandoazebraentraemcampo e tristeza da nação colorada, dessa vez foi bem diferente.
Estava acompanhando a seme-final do Mundial de Clubes com a mesma convicção de sempre: assistir a uma pelada onde o representante latino eliminaria o africano. Tanto que até nem dava atenção a partida, por estar focado no trabalho (estava no trampo, o que é um mero detalhe). Quando fui informado pelo meu ilustre amigo Celinho da Biquinha, que o Inter perdia por 1x0 confesso que ahei que ele estava equivocado ou tinha escrito errado. Corri logo para a transmissão online da parti e pude ver que o absurdo se concretizava. O Mazembe ainda ampliaria e eliminaria o favoritíssimo Colorado. Mas de onde veio essa zebra? Ninguém em sã consciencia imaginaria coisa semelhante. Bom, vamos aos fatos.
O Internacional se preparou para enfrentar o Pachuca do México e não o TP Mazembe, da República Democrática do Congo. Isso mesmo da inexpressiva República Democrática do Congo, 128ª no Ranking da FIFA, que herdou do Zaire a tradição de saco de pancadas. O TP Mazembe não era cotado nem para ganhar a Copa dos Campeões Africanos, quem dirá para eliminar o Inter e ir a final do mundial. Quando eliminou o Pachuca o Mazembe chegou contra o Inter como franco atirador. Os 8 mil colorados que foram até Abu Dhabi viram um Mazembre jogando um futebol primitivo, porém com muita aplicação, e um Inter displicente e desequilibrado, despreparado para virar um jogo adverso, mesmo com tantos bons jogadores. Celso Roth voltar a mostrar porque tinha fama de pé frio, apesar de que, na minha humilde opinião, o problema dele é incompetencia técnica.
Durante os 15 primeiros minutos o inter pressionou muito, mas Kidiaba, a figuraça no gol do Mazembe fechou a meta africana, mesmo com seu jeitão estabanado. Depois dos 20 minutos o Mazembe começou a atacar da forma primitiva que eu falava: chutão pra frente para a correria dos seus atacantes nas costas dos laterais colorados, que só se preocuram em atacar. O jogo foi para o intervalo 0x0, mas todos ainda apostavam no Inter, até que aos oito minutos do segundo tempo, numa dessas estabanadas e despretenciosas investidas africanas, kabangu colocou a bola no angulo do goleiro Renan, aproveitando um vácuo inconcebível no meio da zaga vermelha.
O jogo se tornou um quadro dantesco de desespero colorado. O Inter atacava com tudo e perdia um gol atrás do outro e o Mazembe seguia fazendo ligação direta do seu goleiro para os atacantes. Quando num desses chutões Kalayutuca dançou frente a Guiñazu e chutou para o gol, marcando o segundo do Mazembe, o Inter se rendeu em campo. As chances de recuperação eram nulas, tendo em vista que as substituições de Celso Roth foram erradas, ao tirarem Tinga e Sobis, mantendo em campo uma dupla de volantes que se via obrigada a apoiar o ataque.
A zebra estava feita. O poderoso campeão da Libertadores estava reduzido a coadjuvante frente ao desconhecido Mazembe, que fez a festa em Abu Dhabi. Esse jogo entrou para a história colorada como a mais patética e traumática eliminação dos gaúchos e rendeu ao Mazembe o honroso vice campeonato mundial, pois foi surrado por 3x0 pela Inter de Milão, que ao contrário dos brasileiros, matou o jogo logo no início. Sem falar que o Mazembe virou a maior vedete dos gremistas e ainda será lembrado por muito tempo, por essa bem sucedida excursão pelo oriente médio.
Fotos: spotv.globo.com
TP Mazembe 2 x 0 Internacional
TP Mazembe: Kidiaba, Nkulukuta, Kasusula, Kimwaki e Ekanga; Bedi, Mihayo e Kasongo; Singuluma, Kabangu (Kanda) e Kaluyituka. Técnico: Lamine N'Diaye.
Internacional: Renan; Nei, Bolívar, Índio e Kleber; Wilson Matias, Guiñazu, Tinga (Giuliano) e D’Alessandro; Rafael Sobis (Oscar) e Alecsandro (Leandro Damião). Técnico: Celso Roth.
Gols: Kabangu aos 7 e Kaluyituka aos 40 do 2º tempo
Cartões amarelos: Nkulukuta e Kasulula (Mazembe) e Índio (Internacional).
Estádio: Mohammed Bin Zayed Stadium, em Abu Dhabi (EAU).
Data: 14/12/2010.
Árbitro: Bjorn Kuipers (HOL) Auxiliares: Berry Simons (HOL) e Sander Van Roekel (HOL).
Público: 22.113 pagantes.
Durante esse ano de 2010, nenhuma zebra foi tão grandiosa quanto a encerrou o ano. Pra ser preciso, acho que nunca esperariamos uma zebra justo na competição mais previsível do ano, o Mundial de Clubes, onde o mais evidente é a final entre o campeão europeu e o sulamericano. Bom, pra alegria do quandoazebraentraemcampo e tristeza da nação colorada, dessa vez foi bem diferente.
Estava acompanhando a seme-final do Mundial de Clubes com a mesma convicção de sempre: assistir a uma pelada onde o representante latino eliminaria o africano. Tanto que até nem dava atenção a partida, por estar focado no trabalho (estava no trampo, o que é um mero detalhe). Quando fui informado pelo meu ilustre amigo Celinho da Biquinha, que o Inter perdia por 1x0 confesso que ahei que ele estava equivocado ou tinha escrito errado. Corri logo para a transmissão online da parti e pude ver que o absurdo se concretizava. O Mazembe ainda ampliaria e eliminaria o favoritíssimo Colorado. Mas de onde veio essa zebra? Ninguém em sã consciencia imaginaria coisa semelhante. Bom, vamos aos fatos.
O Internacional se preparou para enfrentar o Pachuca do México e não o TP Mazembe, da República Democrática do Congo. Isso mesmo da inexpressiva República Democrática do Congo, 128ª no Ranking da FIFA, que herdou do Zaire a tradição de saco de pancadas. O TP Mazembe não era cotado nem para ganhar a Copa dos Campeões Africanos, quem dirá para eliminar o Inter e ir a final do mundial. Quando eliminou o Pachuca o Mazembe chegou contra o Inter como franco atirador. Os 8 mil colorados que foram até Abu Dhabi viram um Mazembre jogando um futebol primitivo, porém com muita aplicação, e um Inter displicente e desequilibrado, despreparado para virar um jogo adverso, mesmo com tantos bons jogadores. Celso Roth voltar a mostrar porque tinha fama de pé frio, apesar de que, na minha humilde opinião, o problema dele é incompetencia técnica.
Durante os 15 primeiros minutos o inter pressionou muito, mas Kidiaba, a figuraça no gol do Mazembe fechou a meta africana, mesmo com seu jeitão estabanado. Depois dos 20 minutos o Mazembe começou a atacar da forma primitiva que eu falava: chutão pra frente para a correria dos seus atacantes nas costas dos laterais colorados, que só se preocuram em atacar. O jogo foi para o intervalo 0x0, mas todos ainda apostavam no Inter, até que aos oito minutos do segundo tempo, numa dessas estabanadas e despretenciosas investidas africanas, kabangu colocou a bola no angulo do goleiro Renan, aproveitando um vácuo inconcebível no meio da zaga vermelha.
O jogo se tornou um quadro dantesco de desespero colorado. O Inter atacava com tudo e perdia um gol atrás do outro e o Mazembe seguia fazendo ligação direta do seu goleiro para os atacantes. Quando num desses chutões Kalayutuca dançou frente a Guiñazu e chutou para o gol, marcando o segundo do Mazembe, o Inter se rendeu em campo. As chances de recuperação eram nulas, tendo em vista que as substituições de Celso Roth foram erradas, ao tirarem Tinga e Sobis, mantendo em campo uma dupla de volantes que se via obrigada a apoiar o ataque.
A zebra estava feita. O poderoso campeão da Libertadores estava reduzido a coadjuvante frente ao desconhecido Mazembe, que fez a festa em Abu Dhabi. Esse jogo entrou para a história colorada como a mais patética e traumática eliminação dos gaúchos e rendeu ao Mazembe o honroso vice campeonato mundial, pois foi surrado por 3x0 pela Inter de Milão, que ao contrário dos brasileiros, matou o jogo logo no início. Sem falar que o Mazembe virou a maior vedete dos gremistas e ainda será lembrado por muito tempo, por essa bem sucedida excursão pelo oriente médio.
Fotos: spotv.globo.com
TP Mazembe 2 x 0 Internacional
TP Mazembe: Kidiaba, Nkulukuta, Kasusula, Kimwaki e Ekanga; Bedi, Mihayo e Kasongo; Singuluma, Kabangu (Kanda) e Kaluyituka. Técnico: Lamine N'Diaye.
Internacional: Renan; Nei, Bolívar, Índio e Kleber; Wilson Matias, Guiñazu, Tinga (Giuliano) e D’Alessandro; Rafael Sobis (Oscar) e Alecsandro (Leandro Damião). Técnico: Celso Roth.
Gols: Kabangu aos 7 e Kaluyituka aos 40 do 2º tempo
Cartões amarelos: Nkulukuta e Kasulula (Mazembe) e Índio (Internacional).
Estádio: Mohammed Bin Zayed Stadium, em Abu Dhabi (EAU).
Data: 14/12/2010.
Árbitro: Bjorn Kuipers (HOL) Auxiliares: Berry Simons (HOL) e Sander Van Roekel (HOL).
Público: 22.113 pagantes.
Marcadores:
Internacional,
Mazembe,
Mundial de Clubes
domingo, 6 de dezembro de 2009
2004: O ANO DA ZEBRA NO HORÓSCOPO FUTEBOLÍSTICO - Ramalhão surpreende o Maraca lotado
Mais uma das intermináveis zebras de 2004. A Copa do Brasil já é um celeiro de zebras por tradição, mas a de 2004 exagerou. A maior delas foi o título do inexpressivo Santo André, que até hoje não conseguiu nem fazer uma boa campanha no Paulistão.
A Copa do Brasil de 2004 não podia ficar de fora da lista de zebras de uma ano onde elas aconteceram em larga escala. Mas não precisava exagerar. Logo de cara, na primeira fase da competição, o Catuense da Bahia aplicou 4x2 no Atlético/MG, que por sorte conseguiu reagir no jogo de volta e vencer por 5x1. Era só um aviso. As duas maiores zebras da competição eram o XV de Novembro de Campo Bom, do Rio Grande do Sul, e o Santo André, de São Paulo.
O XV não fez cerimônia ao eliminar a Portuguesa Santista (1x1, 2x2), o Vasco (1x1, 3x0), o Americano de Campos (2x1,3x2) e o Palmas de Tocantins (1x0, 3x0). Mas uma zebra maior o eliminaria na semi-final.
O Santo André entrou como a última equipe de São Paulo e estava cotada a uma participação discreta. Na estreia goleou o Novo Horizonte/GO por 5x0 e eliminou o jogo de volta. Na segunda fase começou a surpreender a todos eliminando o Atlético/MG, com uma vitória de 3x0 no ABC e uma derrota 2x0 no Mineirão, onde conseguiu frear a reação do Galo. Na fase seguinte eliminou o Guarani de Campinas com dois empates (1x1 e 2x2).Vieram as quartas de final e uma parada dura. O Palmeiras, atual campeão da série B do Brasileirão, e que vinha com tudo. Dois jogos épicos do time do ABC lhe renderam a classificação, depois de empatar em casa por 3x3 e empatar no Pq. Antártica por 4x4.
As duas zebras se encontraram na semi-final.O Santo André perdeu em cada por 4x3 e tudo indicava que o gaúchos iriam a final. Mas surpreendentemente o Ramalhão venceu por 3x1 em Campo Bom e conseguiu chegar a sua primeira decisão a nível nacional.
Na decisão o Santo André teria o Flamengo, que já havia sido vice no ano anterior, ao perder para o Cruzeiro. Além do mais, o Flamengo vivia um momento difícil, pois teve um péssimo início de Brasileirão e ocupava a vice-lanterna da competição, além de ter problemas extra-campo, como salários atrasados.
Na primeira partida da decisão, disputada no Pq. Antártica, em São Paulo, as duas equipes realizaram uma ótima partida, mas o Flamengo foi superior e teve várias chances de vencer. Mesmo assim o time do Santo André conseguiu abrir 2x0 e posteriormente cedeu o empate e quase sofreu a virada. Com o 2x2 no jogo de ida, o Flamengo tinha a faca e queijo na mão para ganhar o título no Maracanã. Entretanto, não foi o que ocorreu.
Diante de 71.000 pessoas o time do Flamengo partiu para cima e tentou fazer valer o fator campo. Felipe era o principal nome da equipe carioca. Porém, o Santo André jogou bem e cozinhou o jogo no primeiro tempo. Logo no início da segunda etapa o Santo André fez valer sua arma mortal. Aos 7 minutos, num cruzamento Sandro Gaúcho subiu e desviou de cabeça, na risca da pequena área, e abriu o placar.
Assustado, o Flamengo subiu ao ataque para garantir o empate que lhe daria o título mas acabou levando o golpe fatal aos 23, quando num contra-ataque, a bola foi cruzada da esquerda e Élvis desviou para o gol de Júlio César, calando o Maracanã.
Daí em diante o Santo André rolou a bola e a torcida flamenguista chamou a equipe de "timinho". Ao fim da partida, o Santo André comemorou a zebra e fez a festa pelo seu primeiro título de expressão, num estádio quase vazio. É importante lembrar que Santo André era comandado por um especialista em zebras, Péricles Chamusca.
Era difícil de acreditar que a equipe do ABC tinha saído vitoriosa, principalmente para mim que dormi durante a partida e acordei com os telejornais da madrugada mostrando a festa do Ramalhão.
Fotos: Uol Esportes e Terra Esportes.
Flamengo 0 x 2 Santo André
São Caetano: Júlio César; Reginaldo Araújo, André Bahia, Fabiano Eller e Roger (Athirson); Da Silva, Douglas Silva (Negreiros), Ibson e Róbson (Jônatas); Felipe e Jean. Técnico: Abel Braga.
Paulista: Júlio César; Dedimar, Alex e Gabriel; Nelsinho (Da Guia), Dirceu, Ramalho (Ronaldo), Romerito e Élvis (Dodô); Sandro Gaúcho e Osmar. Técnico: Péricles Chamusca.
Gols: Sandro Gaúcho, aos 7 e Élvis, aos 23 do 2º tempo
Cartões amarelos: Alex, Dirceu e Júlio César (Santo André); Jean, André Bahia e Fabiano Eller (Flamengo).
Estádio: Maracanã, no Rio de Janeiro(RJ).
Data: 30/06/2004.
Árbitro: Carlos Eugênio Simon (RS) Auxiliares: Altemir Hausmann (RS) e Ville Tissot (RS).
Público: 71.988 pagantes.
A Copa do Brasil de 2004 não podia ficar de fora da lista de zebras de uma ano onde elas aconteceram em larga escala. Mas não precisava exagerar. Logo de cara, na primeira fase da competição, o Catuense da Bahia aplicou 4x2 no Atlético/MG, que por sorte conseguiu reagir no jogo de volta e vencer por 5x1. Era só um aviso. As duas maiores zebras da competição eram o XV de Novembro de Campo Bom, do Rio Grande do Sul, e o Santo André, de São Paulo.
O XV não fez cerimônia ao eliminar a Portuguesa Santista (1x1, 2x2), o Vasco (1x1, 3x0), o Americano de Campos (2x1,3x2) e o Palmas de Tocantins (1x0, 3x0). Mas uma zebra maior o eliminaria na semi-final.
O Santo André entrou como a última equipe de São Paulo e estava cotada a uma participação discreta. Na estreia goleou o Novo Horizonte/GO por 5x0 e eliminou o jogo de volta. Na segunda fase começou a surpreender a todos eliminando o Atlético/MG, com uma vitória de 3x0 no ABC e uma derrota 2x0 no Mineirão, onde conseguiu frear a reação do Galo. Na fase seguinte eliminou o Guarani de Campinas com dois empates (1x1 e 2x2).Vieram as quartas de final e uma parada dura. O Palmeiras, atual campeão da série B do Brasileirão, e que vinha com tudo. Dois jogos épicos do time do ABC lhe renderam a classificação, depois de empatar em casa por 3x3 e empatar no Pq. Antártica por 4x4.
As duas zebras se encontraram na semi-final.O Santo André perdeu em cada por 4x3 e tudo indicava que o gaúchos iriam a final. Mas surpreendentemente o Ramalhão venceu por 3x1 em Campo Bom e conseguiu chegar a sua primeira decisão a nível nacional.
Na decisão o Santo André teria o Flamengo, que já havia sido vice no ano anterior, ao perder para o Cruzeiro. Além do mais, o Flamengo vivia um momento difícil, pois teve um péssimo início de Brasileirão e ocupava a vice-lanterna da competição, além de ter problemas extra-campo, como salários atrasados.
Na primeira partida da decisão, disputada no Pq. Antártica, em São Paulo, as duas equipes realizaram uma ótima partida, mas o Flamengo foi superior e teve várias chances de vencer. Mesmo assim o time do Santo André conseguiu abrir 2x0 e posteriormente cedeu o empate e quase sofreu a virada. Com o 2x2 no jogo de ida, o Flamengo tinha a faca e queijo na mão para ganhar o título no Maracanã. Entretanto, não foi o que ocorreu.
Diante de 71.000 pessoas o time do Flamengo partiu para cima e tentou fazer valer o fator campo. Felipe era o principal nome da equipe carioca. Porém, o Santo André jogou bem e cozinhou o jogo no primeiro tempo. Logo no início da segunda etapa o Santo André fez valer sua arma mortal. Aos 7 minutos, num cruzamento Sandro Gaúcho subiu e desviou de cabeça, na risca da pequena área, e abriu o placar.
Assustado, o Flamengo subiu ao ataque para garantir o empate que lhe daria o título mas acabou levando o golpe fatal aos 23, quando num contra-ataque, a bola foi cruzada da esquerda e Élvis desviou para o gol de Júlio César, calando o Maracanã.
Daí em diante o Santo André rolou a bola e a torcida flamenguista chamou a equipe de "timinho". Ao fim da partida, o Santo André comemorou a zebra e fez a festa pelo seu primeiro título de expressão, num estádio quase vazio. É importante lembrar que Santo André era comandado por um especialista em zebras, Péricles Chamusca.
Era difícil de acreditar que a equipe do ABC tinha saído vitoriosa, principalmente para mim que dormi durante a partida e acordei com os telejornais da madrugada mostrando a festa do Ramalhão.
Fotos: Uol Esportes e Terra Esportes.
Flamengo 0 x 2 Santo André
São Caetano: Júlio César; Reginaldo Araújo, André Bahia, Fabiano Eller e Roger (Athirson); Da Silva, Douglas Silva (Negreiros), Ibson e Róbson (Jônatas); Felipe e Jean. Técnico: Abel Braga.
Paulista: Júlio César; Dedimar, Alex e Gabriel; Nelsinho (Da Guia), Dirceu, Ramalho (Ronaldo), Romerito e Élvis (Dodô); Sandro Gaúcho e Osmar. Técnico: Péricles Chamusca.
Gols: Sandro Gaúcho, aos 7 e Élvis, aos 23 do 2º tempo
Cartões amarelos: Alex, Dirceu e Júlio César (Santo André); Jean, André Bahia e Fabiano Eller (Flamengo).
Estádio: Maracanã, no Rio de Janeiro(RJ).
Data: 30/06/2004.
Árbitro: Carlos Eugênio Simon (RS) Auxiliares: Altemir Hausmann (RS) e Ville Tissot (RS).
Público: 71.988 pagantes.
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quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Marselhesa africana
Sem dúvida essa foi uma das zebras mais satisfatórias que já assisti até hoje. É uma das poucas vezes que o futebol proporciona a sensação de ter sido feito a justiça no resultado.
Estou falando do jogo de abertura da Copa do Mundo de 2002 na Coréia do Sul e no Japão, realizado no dia 31 e maio daquele ano, em Seul. Só por ser um jogo de abertura, já deixa meio caminho andando para que algo de anormal aconteça. Quando se trata de um confronto entre africanos e europeus a chance aumenta muito. Naquele ano, os atuais campeões mundiais, os franceses, que vinham de quatro anos de domínio e arrogância, entrariam em campo para enfrentar o Senegal, seleção estreante em mundiais e completamente desconhecida até então.
Mais do que um confronto entre favoritos e estreantes era um confronto entre ex-metrópole e ex-colônia e, porque não, um confronto do mundo do futebol contra a arrogante seleção francesa. Como agravante, tinhamos o fato de a grande maioria dos atletas senegaleses atuavam no futebol francês e que o técnico Bruno Metsu, que treinava a seleção do Senegal, é francês e passava a maior parte do seu tempo no seu pais de origem.
Antes do mundial a população senegalesa já comemorava a participação no torneio, mesmo com a quase certeza de uma eliminação na primeira fase. Mas ninguém escondia que o maior objetivo era complicar a vida da França e surpreender o mundo. Entretanto a surpresa não era tão surpresa assim, pelo menos não no continente africano, pois o Senegal já vinha de uma boa campanha nas eliminatórias e de um vice campeonato africano, sendo que já e era respeitada por forças como Camarões e Nigéria. Aquele time foi montado quase que da noite para o dia, a partir do fim de 2000, por Metsu. Os jogadores não tinham a habilidade dos nigerianos, nem a força física de Camarões, mas alivam essas duas qualidades à velocidade e a uma disciplina tática que raramente aparece em seleções africanas.
E foi assim que o Senegal, um país de jogadores habilidosos, com uma estrutura quase amadora, péssimos gramados,clubes sem estrutura e sem divisões de base e onde o esporte depende de dinheiro do governo para se manter, chegou a sua estréia em mundiais.
Quando o jogo começou a história começou a ser escrita. O jogo foi bem movimentado, nem tanto por vontade dos fanceses, mas, sim, devido a velocidade que os senegaleses impuseram. A França, sem seu melhor jogador, Zidane, tentava tocar a bola e armas jogadas, mas sofria com a velocidade das investidas do time africano. Numa dessas investidas, Diouf arrancou pela ponta esquerda, foi a linha de fundo e cruzou para Bouba Dioup que dividiu com Petit e finalizou. Barthez defendeu na primeira, mas o rebote ficou com o próprio Bouba Dioup que, mesmo sentado, empurrou para o gol. A França, para evitar o vexame avançou, mesmo que desordenada, e conseguiu criar boas chances. Trezeguet mandou uma bola na trave ainda no primeiro tempo e Henry acertou o travessão no segundo tempo. Mesmo com boas chances a frança continuou jogando mal e mereceu mais levar o segundo gol do que empatar o jogo. O próprio Senegal acertou uma bola no trave de Barthez no segundo tempo, mas o placar não se alterou. O Senegal venceu por ter jogado com raça e vontade de quem estreava em uma Copa e queria mostrar a que veio.
Ao fim do jogo não eram apenas os atletas e comissão técnica do Senegal que comemorava. Boa parte do estádio e o restante do mundo futebolístico comemorava a queda dos atuais campeões frente a sua ex-colônia. A Copa do Mundo ganhava sua mais nova zebra. E uma zebra consistente. O time senegalês empataria suas duas partidas seguinte, contra a Dinamarca (1x1) e num jogaço contra o Uruguai(3x3). Dessa forma seguiu para a próxima fase surpreendendo a todos. Como se já não fosse suficiente, nas oitavas eliminou a forte seleção sueca (2x1), que havia derrubado Argentina e Nigéria na 1ª fase. Em sua estréia em Copas, o Senegal igualou a campanha de Camarões na Copa de 90 como as duas melhores campanhas de seleções africanas em mundiais. Pena que nas quartas de final foi derrotada por 1x0 pela seleção da Turquia, que terminaria em 3º lugar. Foi o auge de um time muito bom, que não teve o mesmo sucesso nos anos seguintes.
Já a França perdeu para a Dinamarca e empatou com o Uruguai, sendo vergonhosamente eliminada na primeira fase, sem ter marcado um gol sequer.
Nessa história, o único senegalês a sair triste foi o que se naturalizou francês, Patrick Vieira, um dos maiores volantes do futebol moderno, que trocou seu pais de origem pelo sucesso na seleção francesa. Quis o destino que a seleção de seu pais de origem impusesse uma das maiores decepções de sua carreira.
Fotos: languagecaster.com
bixentelizarazu.w.interia.pl
world-cup-info.com
FRANÇA 0 x 1 SENEGAL
França: Barthez; Tchuran, Le Boeuf, Desailly e Lizarazu; Vieira, Petit e Djorkaeff (Dugarry); Wiltord (Cisse), Trezeguet e Henry. Técnico: Roger Lemerre
Senegal: Sylva; Daf, Diatta, Cisse e Coly; Fadiga, Diao, , Bouba Dioup e N´Diaye; Papa Diouf e H. Diouf. Técnico: Bruno Metsu
Gol: Bouba Diop , aos 30 do 1º tempo.
Cartões amarelos: Petit e Cisse (França).
Estádio: Seoul World Cup Stadium, em Seul (COR).
Data: 31/05/2002.
Árbitro: Ali Bujsaim (EAU) Auxiliares: Ali Al Traifi (ARA) e Jorge Rattalino (ARG).
Público: 62.651 pagantes
Veja abaixo o vídeo da vitória senegalesa.
sábado, 12 de setembro de 2009
Uma zebra repetida duas vezes
Qualquer um que acompanhe o futebol inglês a uns 10 ou 15 anos não consegue entender muito bem como isso aconteceu. Muitos nem conhecem bem o simpático Nottingham Forest conseguiu a façanha de ser bi-campeão da champions league e depois desaparecer. O que aconteceu naquela virada de década de 70 para a de 80 foi sem dúvida uma das maiores zebras do futebol europeu. Este post é uma cordial sugestão de meu ilustre amigo Círio Oliveira.
A final da Champions League de 1979 surpreender o mundo com o duelo entre Nottingham Forest, da Inglaterra, e Malmö, da Suécia; realizado no estádio Olímpico de Munique.
O Nottingham Forest (sediado na famosa floresta de Robin Hood) havia conquistado o seu primeiro e único título inglês no ano anterior, e, assim chegou a sua primeira Champions. Nem por isso era novato, pois já tinha 114 anos naquela temporada, possuindo uma razoável tradição na Inglaterra, mas conquistando apenas alguns títulos de copas e campanhas medianas no campeonato inglês. A mudança na história do clube começou quando o técnico Brian Clough assumiu o time em 1975 e montou um time extremamente competitivo, com marcação forte e determinação para superar suas limitações técnicas. Os destaques eram o goleiro Peter Shilton e o meia Trevor Francis. Essa equipe do Forest ficou 42 jogos invictos no Campeonato Inglês entre 1977 e 78 (recorde só batido pelo Arsenal em 2004) e conquistou um título nacional, que deu direito à disputar a Champions League.
Já o Malmö F.F. era um dos três grandes do futebol sueco, possuindo ante então 12 títulos nacionais, mas sem nenhuma expressão no cenário europeu. Aquela foi sua única decisão a nível europeu até hoje.
De um lado o estreante Forest surpreendeu a Europa com sua ascensão que começou com a eliminação do atual bi-campeão Liverpool (2x0 e 0x0), passando ainda por AEK Atenas da Grécia (2x1 e 5x1), Grasshopper da Suíça (4x1 e 1x1) e Köln da Alemanha Ocidental (3x3 e 1x0). Do outro o Malmö chegou a final eliminando o Monaco da França (0x0 e 1x0), Dínamo de Kiev da URSS (0x0 e 2x0), Wisla Krakówia da Polônia (1x2 e 4x1) e o Áustria Viena (0x0 e 1x0). Dois debutantes numa final. Uma zebra completa e não haveria como ser diferente, pois entre os oito melhores clubes da competição o de maior repercussão internacional era o Glasgow Rangers da Escócia.
Em 30 de maio de 79, no Olímpico de Munique o mundo viu uma zebra anunciada. Dos titulares o único ausente era Archie Gemmill do Forest, lesionado, que foi substituído por Ian Bowyer.
O Forest logo de cara perdeu chances com Frank Clark e Bowyer. Robertson flutuava em campo e por outro lado o zagueiro do Malmö, Anders Ljundberg se destacava. Numa das poucas chances de perigo do Malmö, Olof Kinnvall ficou cara a cara com Peter Shilton que salvou o Forest.
O Forest não apresentou seu melhor futebol, mas fez história, ao se tornar o primeiro clube a conquistar a Champions league em sua primeira tentativa, sendo o terceiro time inglês campeão. O gol foi marcado nos acréscimos do primeiro tempo. Robertson escapou da marcação tripla que vinha sendo feita sobre ele pelo Malmö, chegou a linha de fundo e cruzou para Francis para mergulhar de cabeça e fazer o gol do título.
A maioria da torcida era do Nottinghan e comemoraram com um barulho ensurdecedor. O Forest foi ofensivo o tempo todo e o Malmö ficou na defesa. Mesmo com uma apresentação aquém de suas capacidades o Nottinghan Forest conquistou a Champions com grande festa em Munique, deixando a Europa atônita com a cena surpreendente do capitão McGovern erguendo a taça.
Naquele ano o sucesso do clube só não foi maior porque ele desistiu de enfrentar o Olímpia do Paraguai na final do mundial, sendo substituído pelo Malmö, que foi derrotado.
Como zebra pouca é bobagem e time voltou a ser campeão na temporada seguinte. Isso mesmo. O antes inexpressivo Forest foi bi-campeão da Champions League na temporada 79/80. O título emblemático dos “reds” veio com uma vitória sobre do Hamburgo da Alemanha Ocidental por 1 x 0, em Madri, com o gol de Robertson. A campanha contou com vitórias sobre Östers da Suécia (2x0 e 1x1), Arges Pitesti da Romênia (2x0 e 2x1), Dynamo de Berlim da Alemanha Oriental (0x1 e 3x1) e Ajax da Holanda (2x0 e 0x1).
O técnico inglês Brian Clough, tido como um milagreiro, ficou no clube entre 1975 e 1993, totalizando 907 jogos, sendo demitido após o rebaixamento da equipe na liga inglesa. Após aqueles anos mágicos, o clube voltou ao ostracismo, e hoje se encontra na 2ª divisão inglesa, sendo o único campeão europeu nesta situação atualmente.
Fotos: www.rpvc.com
footballfocus.xsmnet.com
uefa.com
Nottingham Forest (ING) 1 x 0 Malmö (SUE)
Nottingham Forest: Shilton; Anderson, Lloyd, Burns, Clark; Francis, McGovern, Bowyer, Robertson; Woodcock, Birtles. Técnico: Brian Clough.
Malmö: Moller; R.Andersson, Jonsson, M.Andersson, Erlandsson; Tapper (Malmberg), Ljungberg, Prytz, Kinnvall; Hansson (T.Andersson), Cervin. Técnico: Bob Houghton.
Gol: Francis, aos 46 do 1ºtempo.
Estádio: Olímpico, em Munique(RFA).
Data: 30/05/1979.
Árbitro: Erich Linemayr(AUT)
Auxiliares: .
Público: 57.000 pagantes.
Assista abaixo os vídeos das duas decisões:
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