domingo, 6 de dezembro de 2009

2004: O ANO DA ZEBRA NO HORÓSCOPO FUTEBOLÍSTICO - Ramalhão surpreende o Maraca lotado

Mais uma das intermináveis zebras de 2004. A Copa do Brasil já é um celeiro de zebras por tradição, mas a de 2004 exagerou. A maior delas foi o título do inexpressivo Santo André, que até hoje não conseguiu nem fazer uma boa campanha no Paulistão.

A Copa do Brasil de 2004 não podia ficar de fora da lista de zebras de uma ano onde elas aconteceram em larga escala. Mas não precisava exagerar. Logo de cara, na primeira fase da competição, o Catuense da Bahia aplicou 4x2 no Atlético/MG, que por sorte conseguiu reagir no jogo de volta e vencer por 5x1. Era só um aviso. As duas maiores zebras da competição eram o XV de Novembro de Campo Bom, do Rio Grande do Sul, e o Santo André, de São Paulo.
O XV não fez cerimônia ao eliminar a Portuguesa Santista (1x1, 2x2), o Vasco (1x1, 3x0), o Americano de Campos (2x1,3x2) e o Palmas de Tocantins (1x0, 3x0). Mas uma zebra maior o eliminaria na semi-final.
O Santo André entrou como a última equipe de São Paulo e estava cotada a uma participação discreta. Na estreia goleou o Novo Horizonte/GO por 5x0 e eliminou o jogo de volta. Na segunda fase começou a surpreender a todos eliminando o Atlético/MG, com uma vitória de 3x0 no ABC e uma derrota 2x0 no Mineirão, onde conseguiu frear a reação do Galo. Na fase seguinte eliminou o Guarani de Campinas com dois empates (1x1 e 2x2).Vieram as quartas de final e uma parada dura. O Palmeiras, atual campeão da série B do Brasileirão, e que vinha com tudo. Dois jogos épicos do time do ABC lhe renderam a classificação, depois de empatar em casa por 3x3 e empatar no Pq. Antártica por 4x4.

As duas zebras se encontraram na semi-final.O Santo André perdeu em cada por 4x3 e tudo indicava que o gaúchos iriam a final. Mas surpreendentemente o Ramalhão venceu por 3x1 em Campo Bom e conseguiu chegar a sua primeira decisão a nível nacional.
Na decisão o Santo André teria o Flamengo, que já havia sido vice no ano anterior, ao perder para o Cruzeiro. Além do mais, o Flamengo vivia um momento difícil, pois teve um péssimo início de Brasileirão e ocupava a vice-lanterna da competição, além de ter problemas extra-campo, como salários atrasados.
Na primeira partida da decisão, disputada no Pq. Antártica, em São Paulo, as duas equipes realizaram uma ótima partida, mas o Flamengo foi superior e teve várias chances de vencer. Mesmo assim o time do Santo André conseguiu abrir 2x0 e posteriormente cedeu o empate e quase sofreu a virada. Com o 2x2 no jogo de ida, o Flamengo tinha a faca e queijo na mão para ganhar o título no Maracanã. Entretanto, não foi o que ocorreu.


Diante de 71.000 pessoas o time do Flamengo partiu para cima e tentou fazer valer o fator campo. Felipe era o principal nome da equipe carioca. Porém, o Santo André jogou bem e cozinhou o jogo no primeiro tempo. Logo no início da segunda etapa o Santo André fez valer sua arma mortal. Aos 7 minutos, num cruzamento Sandro Gaúcho subiu e desviou de cabeça, na risca da pequena área, e abriu o placar.
Assustado, o Flamengo subiu ao ataque para garantir o empate que lhe daria o título mas acabou levando o golpe fatal aos 23, quando num contra-ataque, a bola foi cruzada da esquerda e Élvis desviou para o gol de Júlio César, calando o Maracanã.
Daí em diante o Santo André rolou a bola e a torcida flamenguista chamou a equipe de "timinho". Ao fim da partida, o Santo André comemorou a zebra e fez a festa pelo seu primeiro título de expressão, num estádio quase vazio. É importante lembrar que Santo André era comandado por um especialista em zebras, Péricles Chamusca.
Era difícil de acreditar que a equipe do ABC tinha saído vitoriosa, principalmente para mim que dormi durante a partida e acordei com os telejornais da madrugada mostrando a festa do Ramalhão.



Fotos: Uol Esportes e Terra Esportes.

Flamengo 0 x 2 Santo André
São Caetano: Júlio César; Reginaldo Araújo, André Bahia, Fabiano Eller e Roger (Athirson); Da Silva, Douglas Silva (Negreiros), Ibson e Róbson (Jônatas); Felipe e Jean. Técnico: Abel Braga.
Paulista: Júlio César; Dedimar, Alex e Gabriel; Nelsinho (Da Guia), Dirceu, Ramalho (Ronaldo), Romerito e Élvis (Dodô); Sandro Gaúcho e Osmar. Técnico: Péricles Chamusca.
Gols: Sandro Gaúcho, aos 7 e Élvis, aos 23 do 2º tempo
Cartões amarelos: Alex, Dirceu e Júlio César (Santo André); Jean, André Bahia e Fabiano Eller (Flamengo).
Estádio: Maracanã, no Rio de Janeiro(RJ).
Data: 30/06/2004.
Árbitro: Carlos Eugênio Simon (RS) Auxiliares: Altemir Hausmann (RS) e Ville Tissot (RS).
Público: 71.988 pagantes.

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