domingo, 26 de julho de 2009

Os chipolopolos

Um excelente celeiro de zebras é a África. Por mais que sejam bons os resultados das seleções africanos, sempre vemos com desconfiança as seleções daquele continente. E em muitas das vezes, nos deparamos com resultados de cair o queixo.
Nada melhor que uma Olimpíada para uma boa zebra ganhar destaque. Nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988, não foi diferente.
Para muitos, foi o torneio mais disputado da história Olímpica, tendo contado com as quatro seleções mais vencedoras desse esporte: Brasil, Alemanha Ocidental, Itália e Argentina. Durante a primeira fase, tudo correu com tranqüilidade nos grupos A, onde Suécia e Alemanha Ocidental eliminaram Tunísia e China; e no grupo C, onde União Soviética e Argentina passaram por Coréia do Sul e Estados Unidos. No grupo D, o grupo do Brasil, houve uma pequena surpresa quando a Austrália eliminou a Iuguslávia, se classificando em segundo, atrás da seleção brasileira. Já a Nigéria foi coadjuvante.

A grande zebra estava para o grupo B. Na primeira rodada, a favorita do grupo, a Itália, venceu com sobras a Guatemala, por 5x2, enquanto as desconhecidas seleções do Iraque e da Zâmbia empataram em 2x2. Na segunda rodada, era esperada uma sonora goleada da Itália para cima da seleção de Zâmbia. Passou longe disso.
A Itália possuía bons valores, como Tacconi, Virdis, De Agostini, Rizzitelli, Carnevale e um certo Baggio. Entrou em campo sem muitas informações sobre a seleção da Zâmbia, mas certa da vitória. O cartão de visitas dos africanos foi inesquecível. A Itália entrou desatenta e levou o primeiro gol. Desorientada e sem muito volume de jogo, se viu perdida na velocidade dos africanos, que comandados por um jovem de nome Kalusha Bwalya, que comandou a equipe na partida. Ele marcou três gols e deu passe para outro. Isso mesmo, sua conta está certo. A seleção da Zâmbia venceu a Itália por 4x0 e surpreendeu a todos. A surpresa aumentou quando na última rodada, repetiram o 4x0 contra a Guatemala e se classificaram em primeiro do grupo, com os italianos em segundo. Apresentaram um futebol, ousado, divertido e irreverente. Depois a ordem seria restabelecida, com a Alemanha Ocidental eliminando Zâmbia nas quartas, devolvendo o placar de 4x0.

Aquela zebra repercutiu muito na África. Os jornais zambianos insinuaram que nunca se vendeu tantos mapas africanos na Itália como depois daquela partida. O principal nome do time, Kalusha Bwalya, foi eleito Jogador do Ano na África em 1988.
O resultado foi importante, pois deu ânimo àquela geração, que passou a ser respeitada. Alguns de seus jogadores foram jogar em times do exterior, como o PSV Eindhoven da Holanda, o Brugge da Bélgica e o Argentino Juniors da Argentina.
Anos mais tarde, a seleção de Zâmbia fez uma ótima campanha nas eliminatórias para a Copa de 1994, nos EUA, chegando a ser líder do seu grupo, mas após um acidente aéreo, perdeu 18 de seus jogadores. Acabou perdendo a vaga para o Marrocos, quando já era tida como favorita.
Mesmo com o fim trágico daquela geração, aquela campanha olímpica ficou para a história, por ter representado a primeira e grande aparição dos chipolopolos (como eram conhecidos os jogadores da Zâmbia) no cenário internacional.

Fotos: www.gardenal.org/balipodo

ITÁLIA 0 x 4 ZÂMBIA
Itália: Tacconi, Tassotti, Cravero(Pellegrini), De Agostini e Ferrara; Colombo(Crippa), Mauro, Galia e Iachini; Carnevale e Virdis. Técnico:
Zâmbia: DChabala, Chabinga, Melu, Chomba e Mumba; J.Bwalya, Musonda, Makinka e K.Bwalya; Nyirenda (Chikabala) e Chansa. Técnico:
Gol: Kalusha Bwalya, aos 41 do 1º tempo. Kalusha Bwalya, aos 11 e 44; e Johnson Bwalya, aos 19 do 2º tempo.
Estádio: , em Kwangju (COR)
Data: 19/09/1988.
Árbitro: Keith Hackett (Eng) Auxiliares: S. Takada (JAP) e J. Loustau (ARG)
Público: 9.800 pagantes.

Caso seja difícil de acreditar, assistam aos gols dessa partida:

2 comentários:

  1. O lindeza esses africanos em Olimpíadas, daí se vê a diferença entre esta competição e a Copa em si.

    De 4 em 4 anos um time se destaca mto nas olimpíadas, chega na semi, na final e até ganha, mas na copa 2 ou 6 anos depois, se chegarem nas oitavas já será vitorioso demais, nas quartas então nem se fala... Isso se aplica aos Hermanos de Argentina tbm... Heheheheheh!

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  2. Coitada da Zâmbia. A única seleção deles que consiguiu fazer algo de representativo sofre um desastre desses. E quanto aos times africanos na Olímpiada, concordo contigo Gláuber. Podem se juntar aos argentinos, sem dúvida.

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