quarta-feira, 29 de julho de 2009

O milagre de Berna


Milagres não acontecem todos os dias no futebol. O dia 4 de Julho de 1954 foi uma exceção. Essa foi a data da decisão da Copa do Mundo daquele ano, que tinha tudo para coroar uma seleção mágica.
Aquele mundial teve uma série de particularidades. Foi a primeira transmitida pela televisão e foi realizada na Suíça pelo fato Fo país ter ficado neutro na II Guerra Mundial. Essa copa marcou também a estréia da uniforme amarelo da seleção brasileira e principalmente, a queda de uma seleção inesquecível.
A seleção húngara era fantástica. Possuía craques como Ferenc Puskás, Nándor Hidegkuti, József Zakariás, Sándor Kocsis, Zoltán Czibor, dentre outros. Chegou a final daquele mundial com uma invencibilidade de 32 partidas, quase 5 anos sem perder. Havia sido a primeira seleção não britânica a vencer a Inglaterra em Wembley, quando venceram por em 6X3, em 1953. Conquistou a medalha de ouro no torneio olímpico de Helsink, em 1952, vencendo suas cinco partidas (2x1 Romênia, 3x0 Itália, 7x1 Turquia, 6x0 Suécia e 2x0 Iuguslávia). Ganhou de todos e muitas vezes de goleada. O técnico húngaro Gusztav Sebes criou um sistema revolucionário, no qual os atacantes não tinham posição fixa, cuja base era o Honved, time do exército húngaro, onde brilhavam Ferenc Puskas e Sandor Kocsis.
Naquela Copa foi arrasadora. Na primeira faz goleou a Coréia do Sul por 9x 0 e a Alemanha Ocidental, 8 a 3. Nas quartas e semifinal eliminou os finalistas da última copa, respectivamente o Brasil e o Uruguai, ambos por 4x2; sendo que contra o Uruguai, a partida havia terminado 2x2 no tempo normal. Nada parecia barrar o título da máquina húngara. Curiosamente, em todos os seus jogos, os húngaros abriam dois gols de vantagem nos primeiros 15 minutos de partida, talvez por terem sido a primeira seleção a se aquecer antes das partidas.
Seu adversário na decisão, o selecionado da Alemanha Ocidental, chegou a final depois de vencer a Turquia (3x1), ser goleado pela Hungria (8x3), vencer o jogo desempate contra a Turquia (7x2) e vencer Iuguslávia (2x0) e Áustria (6x1). Na derrota por 8x3, na primeira fase, o técnico Sepp Herberger escalou seus reservas, para poupar titulares e estudar a equipe húngara, sem expor sua força máxima.
Na final, o Wankdorf Stadium, em Berna, recebeu 60.000 pessoas que se espremerem para acompanhar a partida final que coroaria a seleção da Hungria. Choveu muito no dia da partida e Adi Dassler, proprietário da Adidas e fornecedor de material esportivo para a seleção alemã, forneceu chuteiras com cravos intercambiáveis, que se adaptariam melhor ao campo molhado.

Ferenc Puskás jogou machucado, mas, mesmo sem estar no melhor da sua forma, abriu o placar aos 6 minutos de jogo. Logo depois, aos 8, Zoltán Czibor ampliou e deu a todos a certeza do título. Quer dizer, a todos menos os alemães, que logo aos 10 minutos diminuíram com Max Morlock. A partida estava eletrizante e Helmut Rahn empatou aos 19. Os primeiros 20 minutos da decisão foram espetaculares. No restante do primeito tempo, os alemães seguraram o ímpeto húngaro, levando o empate para os vestiários.

No segundo tempo a Hungria perdeu muitas chances e acabou sendo levada pelo nervosismo. Acostumada a resolver logo a partida acabou presa ao esquema dos alemães, que "cozinharam" o jogo. Tudo indicava que terminaria empatada a partida, mas a seis minutos do fim, Rahn, que chutou da meia-lua da área, após rebatida da zaga húngara virou a partida. Seria um milagre? O excrete húngaro, antes imbatível, estaria perdendo? Depois, que Puskás ainda teve um gol anulado no finalzinho, por estar impedido; a certeza do inacreditável se deu. A Hungria perdeu o título.
Esse resultado foi um baque para aquele time, que nunca mais foi o mesmo. Já a Alemanha Ocidental cresceu muito com aquele resultado. A imagem dos alemães recebendo a Taça Jules Rimet com a torcida cantando junto o hino nacional alemão, foi tão emblemática para o país no pós-guerra quanto seria a queda do Muro de Berlim. A partida é conhecida como o Milagre de Berna, tendo sido tema de um filme, em 2003, que redebeu o mesmo nome.
Para os húngaros, que tiveram uma média de 5,4 gols por jogo, marcando 27 gols em 5 jogos, aquela derrota foi o maior desastre do seu futebol.

Foto: esportes.terra.com.br
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fifa.com

ALEMANHA OCIDENTAL 3 x 2 HUNGRIA
Alemanha Ocidental: Turek; Posipal e Kohlmeyer; Eckel, Liebrich e Mai; Rahn, Morlock, Ottmar Walter, Fritz Walter e Schafer. Técnico: Sepp Herberger.
Hungria: Grosics; Buzansky e Lantos; Bozsik, Lorant e Zakarias; Czibor, Kocsis, Hidegkuti, Puskas e Toth. Técnico: Gusztav Sebes.
Gols: Puskas, aos 6; Czibor, aos 8; Morlock, aos 10; e Rahn, aos 18 do 1º tempo; e Rahn, aos 39, do 2º tempo.
Estádio: Wankdorf Stadium, em Berna (SUI) Data: 04/07/1954.
Árbitro: William Ling (ING). Auxiliares: Vincenzo Orlandini (ITA) e Benjamin Mervyn Griffiths (GAL).
Público: 62.472 pagantes

Confiram os lances dessa decisão histórica:

5 comentários:

  1. Zebras quase sempre vêm acompanhadas de grandes injustiças do destino, essa foi uma dessas...

    O time da Hungria era muito bom, jogava por música, e não ganhou nada... Merecia muito ganhar esta copa...

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  2. Concordo plenamente. Eu sou fã de carteirinha desse time húngaro. Nunca formou-se uma linha de ataque tão positiva quanto essa.

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  3. Eu adoro esse jogo.

    A frieza alemã, mais uma vez foi superior a equipes mais fortes.

    Fritz Walter é um herói na alemanha, e essa seleção jamais será esquecida.

    Essas injustiças do esporte é que fazem com que esse esporte seja o melhor de todos!

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Com certeza cara. Nem tem como esquecer o time que mudou a história do futebol alemão e sepultou o futebol húngaro.

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